Entusiastas da culinária natalina enfrentam intenso movimento no Mercado Público de Porto Alegre neste sábado (21). Longas filas se formam nas bancas que comercializam itens cobiçados na mesa da ceia, como castanhas, nozes, passas, frutas em calda, fios de ovos e embutidos.
Apesar do alto preço, o bacalhau é um dos itens mais vendidos na Banca 43: R$ 149 o quilo do peixe limpo, sem pele e sem espinhos, e R$ 119 o quilo da versão com cartilagem. Funcionário com mais de três décadas de casa, José Carlos Vieira comentou que não tem ouvido a clientela reclamar da crise. Estava satisfeito com o movimento:
– Amém, Jesus!
Não foi preciso andar muito para ouvir discurso bem diferente: a dois metros de distância, o aposentado Alcides Valim, 80 anos, reclamava dos preços "terríveis" para os festejos deste ano.
– Tudo muito caro, principalmente a carne. Mas tem que comer, né? – disse Valim, aguardando para fazer seu pedido de salame e queijo, já tendo garantido três quilos de rabanada.
Nos açougues, é possível encontrar as aves típicas: bruster a R$ 12,99 (quilo), chester a R$ 19,99 e peru a R$ 20,99. Na distribuidora de carnes Banca A, a maior procura era por partes menos nobres – língua, coração, rabo, rim e mondongo – e mais baratas, com valores a partir de R$ 2 (a unidade do rim).
– O pessoal partiu para as miudezas – constatou o açougueiro Olímpio da Cunha.
Para Alexandre Novo, sócio-gerente da Banca A, o consumo está mais consciente em 2019.
– Não tem mais exagero. Se antes o pessoal comprava três quilos, agora compra um e meio. E aquela pessoa que antes bancava toda a ceia sozinha hoje pede que cada um leve o seu prato – observou Novo, acrescentando que, na sua família, o esquema também vai ser o de "cada um leva o seu".
Na Rua Voluntários da Pátria, outro ponto tradicional de comércio no Centro, as lojas estavam menos concorridas, mas com bom movimento. A cozinheira Angela Maria Nunes Dallo aproveitou o dia de folga para comprar presentes para o marido, o pai, os filhos, as noras e os netos. Contou ter juntado o 13º salário e mais uns "troquinhos" para a empreitada de final de semana. Depois de escolher tudo o que queria em uma loja de vestuário, pediu para a atendente:
– Vê se consegue um descontinho lá, amor!
Após um ano que classificou como "complicado" para as vendas, o comerciante Nezar Baja estava satisfeito com as primeiras horas do sábado:
– Se tivesse uns 10 dias que nem hoje, dava para ficar janeiro inteiro parado.