Pelas 10h de quinta-feira (4), Bruno da Silva ouviu no rádio que o Gigantinho iria receber moradores de rua para abrigá-los do frio. Estacionado em frente à Santa Casa, o taxista chamou outros seis motoristas e decidiram que iriam se voluntariar para recolher roupas e alimentos e entregá-los no ginásio.
Bruno espalhou a notícia pelos grupos de WhatsApp e Facebook, avisando que buscaria as doações de quem quer ajudar, mas não consegue levar. Aí, acabou ficando até as 23h dirigindo para recolher roupas, sapatos e alimentos.
À noite, o taxista passou em três casas no bairro Cascata e em uma no Humaitá. Pela manhã, coletou pães e ingredientes para sopa em Viamão, além de roupas em um restaurante no Floresta. Às 10h desta sexta-feira (5), o seu Voyage lotado descarregou no estacionamento do Gigantinho.
— Nos colocamos à disposição para coletar de graça, porque, às vezes, a pessoa tem as coisas em casa, mas não tem como levar porque está trabalhando — diz Bruno.
Inspirado em uma iniciativa dos motoristas de Viamão, onde mora, Bruno teve a ideia de elaborar um adesivo com os dizeres "Táxi solidário" para distribuir entre os colegas. Seria uma maneira de sinalizar quem participa da campanha, mas ainda falta pedir autorização da EPTC.
Já o taxista José Gonçalves divulgou que estava arrecadando donativos pelo Twitter, onde tem mais de 4,9 mil seguidores. "Quem tiver doações e não tiver como entregar, pode chamar por aqui, que circulando, arrecado e entrego ali no Gigantinho", escreveu. Na madrugada, José levou ao ginásio dois sacolões de casacos.
— Vai ser permanente, o inverno todo. À medida que as pessoas tiverem coisas que possam ser repassadas, eu vou nos endereços dentro da minha disponibilidade, retiro e entrego — conta José.
Outro taxista da Capital, Éder Camargo, deixou o aviso nos grupos de WhatsApp.
— Até avisei que, se desconfiar, levo o passageiro junto, fazemos a entrega e depois levamos ele de volta — avisar Éder.
Na quinta-feira, ele levou a sua própria doação — uma cesta básica. Agora, quer ser acionado para carregar a dos outros:
— Estava perto da minha lareira, lá em casa, e pensando: "Pô, estou aqui bem aconchegado... E tem gente que não tem nada, né?"