Entre 200 panelas empilhadas, o cozinheiro Júlio Ritta mais parece um treinador de futebol: anda de um lado para o outro enquanto organiza a ação solidária da noite desta sexta-feira (5) no Gigantinho. Às 7h, ele, a mãe e a filha separavam ingredientes para o sopão que deve alimentar mais de 300 pessoas que passarão a noite no ginásio colorado, em Porto Alegre.
— Vamos cozinhar batata, cenoura, tempero verde, cebola, alho, arroz e caldo de legumes. Serão cerca de 2 mil litros desse sopão — explica Ritta, idealizador dos voluntários Cozinheiros do Bem.
Paralelamente ao jantar no Gigantinho, o grupo prepara um almoço no Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), no bairro Partenon.
A sede dos voluntários, na Rua General João Manoel, no Centro Histórico, foi alugada há dois meses, mas ainda precisa de uma boa reforma para adaptar a cozinha e finalizar a colocação do forro e troca da fiação elétrica. O grupo estima que são necessários cerca de R$ 2 mil mensais para manter o espaço, entre aluguel e despesas com água e luz. Grande parte das doações vêm do ingresso solidário de shows e eventos em Porto Alegre, onde são arrecadados alimentos não-perecíveis como abatimento do valor do tíquete.
As iniciativas desta sexta-feira não são novidade para os cerca de 300 voluntários ativos: semanalmente são servidas, em média, 15 toneladas de alimentos preparados pelos Cozinheiros do Bem, em albergues, aldeias indígenas e diversos institutos parceiros. A Organização Não-Governamental foi criada em 2015 e hoje se tornou uma associação comunitária social (OSC), pela finalidade do serviço prestado.
Ritta afirma que decidiu mudar o rumo da carreira ao se dar conta da quantidade de alimento que era desperdiçado em seu restaurante, impedido pela lei de doar o que sobra.
— Larguei tudo pra tocar isso. É a minha vida. Já trabalhei em restaurante que servia prato de 2 mil dólares. Mas entregar um prato para quem não tem comida não tem preço — ressalta o líder do grupo.
Aos 18 anos, Juliana Stein segue o exemplo do pai:
— Na escola, sou conhecida como "a guria da ONG". E é com a piazada que eu gosto de trabalhar, conscientizar eles da importância de ajudar.
Uma vez por semana, são servidas refeições no Viaduto da Conceição, na Avenida Alberto Bins, no Centro. Segundo os voluntários, são atendidas inclusive pessoas de outras cidades.
Durante a manhã e tarde desta sexta-feira, o portão 1 do Gigantinho receberá doações. Parceiro na ação, o Grêmio vai doar 600 cobertores, além de alimentos para o jantar e o café da manhã deste sábado.
Como ajudar
Contatos podem ser feitos pelo WhatsApp: (51) 99853-2190