Em entrevista ao Gaúcha+, o superintendente da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan), Rodrigo Schnitzer, e o executivo da Logit Engenharia Consultiva Ltda, André Pinto, explicaram como está sendo realizado o plano de gestão do sistema estadual de transporte coletivo.
De acordo com Schnitzer, a Logit foi contratada em 2018 para que fosse desenvolvido um trabalho para identificar o cenário atual do transporte na região metropolitana. Segundo o superintendente, o estudo já avançou 60%.
— O Estado contratou a empresa Logit (...) para que se fosse desenvolvido um trabalho identificado o cenário atual do transporte na Região Metropolitana, bem como, ao final desse trabalho ter a possibilidade de indicar alternativas que venham a contribuir para que o processo licitatório que o estado está trabalhando para colocar na rua em 2020 no que diz respeito às concessões do transporte metropolitano.
O superintendente afirmou que tem sido questionado sobre a qualidade dos ônibus, e defendeu que, através do trabalho que está sendo desenvolvido, a proposta é racionalizar a otimizar a frota existente para melhorar o serviço sem impactar o custo da passagem.
— Vamos racionalizar, vamos colocar em parceria com os municípios e com o trem uma estrutura mais inteligente e mais racional para que a gente consiga, sem impactar a tarifa, um serviço melhor — finalizou.
O executivo da Logit afirmou que a região metropolitana de Porto Alegre registrou, nos últimos 10 anos, uma queda de 40% na demanda nos transportes públicos. De acordo com ele, como não é possível cortar as linhas, é necessário um aumento de tarifa. No sistema brasileiro, ele aponta, essa taxa é paga pelos usuários — sem subsídios governamentais.
— À medida que a quantidade de pessoas diminui, a tarifa fica mais cara e a quantidade de pessoas fica cada vez menos interessada em usar o transporte público. Porque a outra alternativa é diminuir a quantidade de ônibus rodando o que também é ruim, porque a pessoa quer pegar ônibus num determinado horário e não tem — explicou.
Conforme o executivo, o problema do sistema de transporte de Porto Alegre é que ele não foi concebido com integração. Do ponto de vista legal, um ônibus metropolitano não pode carregar passageiros urbanos, e vice-versa.
— O estudo, inclusive, propõe mecanismos, dois ou três mecanismos para dar segurança jurídica, o que é uma coisa muito importante. Se as empresas vão fazer um investimento, não podem ficar na vontade de um prefeito manter a integração e quando vier um novo prefeito ou um novo governador ele achar que a integração não é mais uma coisa interessante — defendeu.
Schnitzer também defendeu que a proposta deve trazer independência da questão legal vigente, afirmando que a intenção é "deixarmos a porta aberta para que essa integração tenha condição de acontecer independente do processo licitatório em si".
O estudo — e, por consequência, as propostas que devem surgir a partir disso — deve abranger as 900 linhas rodoviárias, as ferroviárias (sob responsabilidade da Trensurb) e o sistema hidroviário, com o catamarã da CatSul. De acordo com o superintendente, o trabalho vai incluir deve ser concluído no final de 2019.
— Vale lembrar que esse processo ele ainda tem alguns passos a serem dados junto aos órgãos de fiscalização e ainda tem uma questão que diz respeito à questões legislativas: ou seja, ele vai ser submetido também à Assembleia Legislativa para após nós podemos dar encaminhamento à licitação propriamente dita — disse Schnitzer.