Praticamente todos os dias da semana, pode ter certeza, uma turminha estará batendo bola no campinho do Centro de Comunidade Parque Madepinho (Cecopam), no bairro Cavalhada, zona sul de Porto Alegre. O esporte praticado pela gurizada faz parte de um projeto pessoal. Há quatro anos, o fiscal de ônibus Paulo Henrique Alves, 58 anos, começou com uma iniciativa pequena, na Praça Nonoai: um torneio de futebol para criançada da rua.
Depois do evento, muitas pessoas começaram a perguntar se as partidas continuariam. Paulo, que já tinha experiência como treinador de escolinhas, resolveu montar uma, a Lobos da Zona Sul, com aulas gratuitas de futsal e futebol de campo.
Com apoio dos filhos Pablo, 19 anos, e Franciele, 26 anos, Paulo conseguiu no ano seguinte autorização para treinar a gurizada no Cecopam. Em contrapartida, faria a manutenção do campo. Hoje, a escolinha atende a 54 alunos, meninos e meninas, dos sete aos 15 anos, moradores de bairros como Cavalhada, Nonoai, Cristal, Camaquã, entre outros.
As aulas começam com alongamento, aquecimento e depois com os exercícios do dia. Os treinos duram uma hora e meia. Alguns pais fazem questão de acompanhar os filhos e elogiam o empenho da família.
— As aulas são absolutamente prioritárias, para meu filho que mora próximo de uma zona perigosa estar aqui é tudo. Ele ama esportes — conta o vigilante de carro-forte Álvaro Neto, 49 anos, pai do goleiro Amon Duran Ferreira, 11 anos, há um ano e meio na escolinha.
O trabalho voluntário tem também o objetivo de oferecer uma atividade no contraturno escolar.
— Além de focar na coletividade, queremos tirar as crianças da vulnerabilidade. Somos uma família — destaca Paulo.
— Muitos estão conosco desde o início do projeto, alguns eram desobedientes, sem disciplina, mas melhoraram com o tempo e a convivência — completa a voluntária Franciele.
Tratamento faz a diferença
Os alunos costumam participar de torneios e, também, do programa Em Cada Campo uma Escolinha (ECCE), coordenado pela prefeitura de Porto Alegre.
— Eu gosto muito. Gosto dos treinos, da nossa preparação e de poder participar dos campeonatos — relata Davi dos Santos, 12 anos.
Para a mãe Denise Oliveira, 38 anos, a forma como os alunos são tratados, com extremo carinho por toda equipe, é o grande diferencial.
— É uma família mesmo, gosto muito pois eles são atenciosos com as crianças — explica.
A escola vive de doações e para arrecadar recursos costuma promover rifas e galetos. Quem quiser contribuir pode contatar diretamente o coordenador da iniciativa.
Quer ajudar?
- A escolinha aceita doações de materiais esportivos, especialmente bolas
- A Cecopam fica na Rua Arroio Grande, 50, bairro Cavalhada
- Outras informações com Paulo no (51) 99150-5674