Em meio a um cenário de crise para o transporte público, a diretora-presidente da Carris, Helen Machado, tem um objetivo ambicioso: zerar o déficit milionário nas contas da companhia em 2019. Nos últimos dois anos, o rombo reduziu 74%, mas 2018 ainda fechou com R$ 19,2 milhões de diferença entre receita e despesa.
— A renovação da frota é fundamental para a gente reduzir nosso custo de manutenção e ter mais eficiência operacional no nosso processo. Esse é o nosso objetivo, estamos perseguindo, é factível — afirmou a executiva em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta terça-feira (4).
A busca pelo equilíbrio das contas se dá ao mesmo tempo em que o setor precisa driblar a queda no número de passageiros: para 2019, a projeção era de redução de 3%, mas a empresa pública já tem queda de 8%. Ao expandir o período, observa-se queda de 26% entre 2012 e 2018.
Helen afirma que, entre as ferramentas para atingir o déficit zero, está a busca por eficiência em todos os processos: desde criar restrições ao acesso na empresa até combate a fraudes, passando pela montagem da equipe.
— Era uma empresa em que todo mundo achava que era dono e ninguém era dono de nada — comparou. — A Carris nunca teve plano orçamentário. Uma empresa que fatura R$ 164 milhões não tinha plano de orçamento, ou seja: "Não sei o que vou gastar, onde vou gastar, vou gastando". No ano passado, promovemos um plano orçamentário audacioso— acrescentou.
Um símbolo do descontrole foi mostrado por GaúchaZH recentemente: além de ceder um terreno para uso da União Social dos Empregados da Carris (USE Carris), o que não seria permitido, a empresa pública gastou, entre 2006 e 2009, R$ 1 milhão para erguer um prédio com salão de festas e academia, além de quadra de futebol com grama sintética e estacionamento.