Na quinta-feira (27), quando Porto Alegre registrava a temperatura mais baixa do ano até agora, 4ºC, famílias carentes que viviam em um abrigo da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) foram despejadas por cumprimento de medida judicial. A casa de acolhimento, que ficava no bairro Santana e era a única que recebia famílias inteiras (casais e filhos) em um mesmo local, foi fechada porque o pagamento do aluguel estava atrasado.
No momento do despejo, duas famílias foram obrigadas a deixar o local — uma delas formada por uma mãe e quatro filhos e outra por casal e um bebê. A ação de desocupação foi movida pelo proprietário do imóvel por atrasos no pagamento. De acordo com a presidente da Fasc, Vera Ponzio, o dono não aceitou acordo para quitar o passivo.
— Desde 2017, deparamos com essa situação de alguns aluguéis em atraso. E vínhamos construindo alternativas de pagamento para colocação em dia. No entanto, o proprietário disse que não queria acordo e queria que a casa fosse devolvida. Vínhamos tentando mais prazo para encontrarmos alternativa para essas famílias, no entanto, fomos surpreendidos com essa decisão judicial — conta a presidente da entidade.
De acordo com a Fasc, apenas um mês de aluguel, no valor de R$ 10.628,92 (incluindo taxas), está pendente de pagamento. A presidente da entidade admite que uma das famílias precisou se separar, porque não há outro abrigo com características de receber famílias inteiras na Capital.
— Uma mulher com quatro crianças foi para um abrigo (juntos). Uma mulher com um bebê foi para um abrigo e o companheiro dela, para outro. Avaliamos os riscos e achamos que não era adequado colocar a criança com os pais em um mesmo abrigo. O casal poderia ficar com a criança nesse abrigo, mas havia riscos para o bebê. O local abriga pessoas com tuberculose — argumenta Vera.
A Fasc busca encontrar, o mais rápido possível, uma solução para esse casal que precisou se separar. Vera garante que esse tipo de problema não irá mais acontecer com a reformulação do serviço, prevista para o segundo semestre de 2019.
— A gente vem trabalhando com a ideia de parceria com organizações da sociedade civil para poder receber também famílias. Vamos lançar um edital para organizações com experiência, que possam se habilitar e oferecer esse serviço em Porto Alegre. Até setembro, já deve ter organização que ofereça esse serviço – adianta a presidente da Fasc.
O Abrigo para Famílias atendia até quatro famílias, num máximo de 20 pessoas, entre pais e filhos. Em caso de novos ingressos, cada situação era avaliada individualmente, segundo a presidente da Fasc.
Os endereços não são divulgados, porque os abrigados podem estar amparados por medidas protetivas.