
A cena não remete ao evento que ganhou força e conquistou parte do público porto-alegrense. As velas acessas, antes espalhadas pelo gramado, deram lugar aos guarda-chuvas. As toalhas no chão, que comportavam os lanches do piquenique, foram substituídas por capas de plástico para proteger os presentes.
Mesmo debaixo de uma chuva insistente que ia e voltava na noite deste sábado (6), cerca de 40 marcaram presença na Redenção para a Serenata Iluminada. Na sua 22º edição, a iniciativa, criada em 2012, propõe uma reflexão sobre os espaços públicos, incentivando a segurança e a cultura nos locais.
Fã de Edu Meirelles, uma das atrações da noite, a bancária Thiene Leão, 37 anos, veio de Santa Maria para curtir a Serenata. Enfrentou quase 300 quilômetros, colocou casaco na mala e arranjou uma capa de chuva.
— Eu vim pela Serenata. É a oportunidade que a gente tem de ir a um festival desse, de mostrar que o parque é público, de ocupar. Isso aqui é fantástico, tem tudo que é gente.
Junto de Thiene, Brenda Pilar Macedo, 25 anos, repetia o lema do grupo:
— Nada que uma capinha de chuva e uma galocha não resolvam — divertia-se.
Ela também enfrentou um trajeto demorado para curtir a noite: pegou trem em Esteio, desceu no Centro Histórico e caminhou até a Redenção, para "aquecer". A volta também será de Trensurb, mas ela quis aproveitar mesmo assim:
— Em eventos na rua, a gente fica mais livre, conhece mais gente, conversa, se conecta com a cidade mesmo.

Na noite deste sábado, quatro atrações embalaram o evento: além de Edu Meirelles, se apresentaram Cristian Sperandir & Grupo, Dona Conceição e a banda Inserções em Circuitos Ideológicos.
Fernanda Rosmaniño, 23 anos, conta que, mesmo com o tempo fechado, quis dar força a iniciativa.
— Com essas ações, se quebrou um pouco o tabu de não ocupar espaços. Vejo que hoje vou a lugares que antes tinha medo. E quando se ocupa esses pontos, se toma a cidade para gente de novo.
A primeira edição de 2019 ocorre dentro da programação da Virada Sustentável — iniciativa que segue até os dias 5 e 7 de abril. A parceria confere uma estrutura mais robusta ao evento. Por isso, o produtor cultural e organizador do evento, Pedro Loss, explica que transferir os shows não era uma opção.
— É uma estrutura boa, com palco, com quatro bandas, equipe de segurança. Fica complicado adiar.
O evento, que antes acontecia a cada dois ou três meses e já reuniu milhares de pessoas no parque, foi repensado e, desde o ano passado, é realizado uma vez por semestre. O objetivo dos organizadores é que o público tenha uma experiência melhor. A próxima edição deve ocorrer entre novembro ou dezembro.