A cada visitante que cruzava os portões do Parque Municipal da Lagoa do Cocão, em Alvorada, notava-se a reação de espanto e, logo depois, felicidade. O espanto era pela transformação feita no local — que já chegou a ser ponto de descarte irregular de lixo. A felicidade era pela sensação de pertencimento, de ter um local de lazer ao nível de outras grandes cidades no "quintal de casa".
— Nem parece que eu estou em Alvorada — brinca a padeira Daiane de Oliveira Lindner, 32 anos.
Se alguém tem motivos para sorrir com o novo ponto turístico, Daiane é uma destas pessoas. Ela mora em frente ao novo parque municipal. Além de ter um lugar para curtir os dias de sol, a alvoradense também ficou feliz pela segurança que a revitalização trouxe para o bairro Intersul:
— Como não tinham essas cercas e nem nada, era muito perigoso e abandonado aqui. Agora, tem Guarda Municipal constantemente, ajuda muito.
Perto do meio-dia de ontem, nem o calor ou o sol a pino afastaram a população do local. Nos gramados, cangas e toalhas se espalhavam para os visitantes. Já a gurizada se divertia jogando futebol nas quadras. Para amenizar a temperatura, entre um gol e outro, corriam até o bebedouro mais próximo. Os pequenos se divertiam nos playgrounds.
Ninguém entrou na lagoa para um mergulho, obedecendo as placas que advertem a proibição ao banho. Outras placas, nos troncos das árvores, identificam suas espécies e o nome popular. Os avisos foram uma iniciativa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam) para conscientizar e educar os frequentadores.
Famílias
Teve quem também aproveitou o domingo para vir em turma conhecer o novo parque da cidade. Foi o caso do gerente de loja João Carlos Fraga, 27 anos e do vendedor David Josué dos Santos, 30 anos. Eles vieram do bairro São Pedro e se instalaram sob a sombra das árvores no lado oeste do parque.
Além da dupla, a família ainda era composta pela auxiliar de depósito Kellen Martins, 27 anos, pela doméstica aposentada Julia da Silva, 65 anos, e pela babá Cleide Silva, 31 anos. Junto da família, os pequenos Josué, cinco anos, e Juliany, oito.
— Estava na hora de arrumar a lagoa mesmo. Ficou excelente, espero que consigam manter assim — torce João Carlos.
Na margem oposta, bem perto da água, a professora Adriana Natálio, 40 anos e o policial militar Marcos Ribeiro, 51 anos, dividiam um chimarrão. Adriana veio para conhecer lugar onde pretende trazer seus alunos. Marcos aproveitou a folga para contemplar o novo ponto de lazer.
— Atende todas as necessidades básicas do público, está bem legal. Gostei dessa ideia das placas na árvores. É importante educar quem frequenta — diz a professora.
A dona de casa Denise Machado, 46 anos, aproveitou para trazer os filhos, Suelen, 14 anos e Lorenzo, 10 anos, e a sobrinha Daiane, sete anos. Moradora do bairro Sumaré, ela recorda que o local já sofreu muito com o descaso. Por isso, a revitalização é "motivo de orgulho para os moradores".
— Até tentávamos vir aqui antigamente, mas era bem mais complicado. Agora tem os bancos, deques, gramado, está tudo muito lindo. É muito bom tem um lugar assim na nossa cidade, não precisamos mais ir até Porto Alegre — resume Denise.