É difícil passar pelo Largo Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre, sem notá-la. Desde o final de 2017, uma pintura de mais ou menos 15 metros de altura, que reproduz um homem de barba usando boné preto, desperta curiosidade.
Há quem associe a homenagem a outro grafite, polêmico em 2015 por retratar o traficante Xandi, no Condomínio Princesa Isabel. O desenho na Cidade Baixa, na verdade, é um tributo a Max William da Rosa – grafiteiro conhecido como Darzone –, assassinado a tiros em outubro de 2015, aos 28 anos. Na ocasião, uma dupla em uma motocicleta verde atirou contra ele e o amigo Leandro dos Santos, em frente a um posto de combustíveis na Rua Doutor Júlio Bocaccio, bairro Santo Antônio. Eles não tinham antecedentes e não seriam os alvos dos atiradores.
Dois anos após a morte de Darzone, cerca de 20 artistas de rua se reuniram para estampar seu rosto no paredão de um prédio – a arte fica de frente para a Avenida Loureiro da Silva. Com a ajuda de um andaime, o rosto foi criado com pincéis, enquanto o restante, com sprays.
– Ele se dava com todo mundo e não tinha inimizade com ninguém. É uma homenagem mais do que justa – diz o artista visual Ygor Erguy da Rocha, 28 anos, um dos organizadores do mutirão.
A homenagem, no entanto, não é unanimidade.
– Vieram em um domingo qualquer e, do dia para a noite, estava tudo feito. Já debatemos em algumas assembleias a possibilidade de passar um branco por cima do desenho – conta uma moradora do edifício que preferiu não se identificar.
Desde o crime, amigos e familiares prestam homenagens. Em 2015, mais de 50 pessoas se reuniram e bloquearam, por cerca de uma hora, a esquina das avenidas Ipiranga e João Pessoa, em frente ao Palácio da Polícia. No ano seguinte, dezenas de inscrições com as frases "Darz Vive" foram estampadas em cerca de 100 metros de extensão em um muro da Avenida Bento Gonçalves.