A Polícia Civil realizou na manhã desta terça-feira (11) uma operação contra crime ambiental no Beco do Paulino, bairro Rubem Berta, zona norte de Porto Alegre. Mais de 120 agentes cumpriram 23 mandados de busca na área de banhado, que é de preservação ambiental e pertence à prefeitura, e em empresas. Em agosto, o Grupo de Investigação (GDI) da RBS mostrou a rotina de dezenas de caminhões que entravam, descarregam caliça e lixo no terreno e iam embora.
Pelo menos 19 empresas de tele-entulho se uniram à Associação Chapecoense para duas práticas irregulares. A partir de um inquérito instaurado em julho, a Delegacia do Meio Ambiente do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) constatou que o descarte de caliça e lixo na área de 59 mil metros quadrados ocorria desde 2016. O preço cobrado por caçamba variava de R$ 50 a R$ 100. Um laudo do Instituto-Geral de Pericias (IGP) comprovou danos ao solo.
O diretor de Investigação do Deic, delegado Sander Cajal, disse que o inquérito policial ainda não foi concluído e mais de 20 pessoas serão indiciadas por organização criminosa, poluição ambiental e parcelamento ilegal de solo urbano. Por enquanto, a polícia não está divulgando os nomes das empresas e dos suspeitos. A operação foi chamada de Consórcio devido à união entre empresas e associação para a prática de irregularidades.
GaúchaZH tenta contato com tele-entulhos e com os representantes da associação. Na sede da entidade, na área invadida, uma pessoa foi presa em flagrante por tráfico de drogas — foram apreendidos crack e maconha.
Área foi loteada
Pelo menos 22 mil metros quadrados foram aterrados irregularmente e, enquanto ocorria essa prática, pelo menos quatro responsáveis pela associação realizaram o manejo ilegal dos materiais depositados no terreno e passaram a lotear, também de forma irregular, a área, afirma a investigação. O grupo teria cobrado R$ 3 mil por família para cada terreno e depois uma espécie de condomínio mensal de R$ 125.
As cerca de 50 famílias que estão no local já construíram casas e fizeram ligações ilegais de água e luz. O esgoto é a céu aberto, em meio às residências e montes de lixo e de caliças (pedras e ferros). Três moradores falaram com GaúchaZH, sob a condição de não terem os nomes divulgados. Eles disseram que foram enganados e que tentam resolver a questão na Justiça.
— O problema é que os representantes foram presos e agora vamos formar uma nova comissão — diz um dos moradores.
Algumas casas já foram destruídas e outras tiveram a obra paralisada. Os moradores disseram que não vão sair da área e a Polícia Civil disponibilizou um telefone para o grupo acionar a prefeitura com o objetivo de resolver a questão da moradia.