Um estudo apresentado nesta quarta-feira (12) demonstra que até cinco toneladas de resíduos captados a cada ano pela Ecobarreira do Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, podem ser enviadas para reciclagem em unidades de triagem do município.
Até agora, esse material com potencial de reaproveitamento era encaminhado para aterros sanitários junto com lixo orgânico. Uma pesquisa feita pela empresa Engebio apontou que os itens recicláveis tirados da água são suficientemente seguros para serem manipulados, sem a presença de substâncias químicas de alto risco apesar das más condições ambientais do Dilúvio.
Essa conclusão permitiu o lançamento de um projeto-piloto de três meses — período no qual parte do lixo captado do Dilúvio será enviada para a Unidade de Triagem da Lomba do Pinheiro. Depois desse prazo, a expectativa da prefeitura e dos parceiros no projeto, que incluem a Braskem e a o Instituto Safeweb, é manter a remessa de uma fração do material removido do arroio para reciclagem. Um levantamento preliminar apontou que isso permitiria elevar em 4% o volume atualmente recebido na unidade e o rendimento dos trabalhadores.
— Há uma certa autonomia dos cooperativados (que trabalham nas unidades de triagem), então também precisamos ver se eles se interessam em seguir recebendo esse material. Mas a gente espera passar nesse teste de três meses e manter o projeto — afirma o engenheiro responsável pelo estudo, Mario Saffer.
A análise do lodo na área da Ecobarreira, conforme o engenheiro, não demonstrou a presença de contaminantes químicos em níveis superiores ao tolerado em normas de referência, com exceção de coliformes e da bactéria E. Coli. Porém, a concentração encontrada foi equivalente à vista nos materiais com origem doméstica já encaminhados à unidade de triagem. Assim, não representariam risco aumentado aos trabalhadores.
Em cerca de dois anos, a Ecobarreira já impediu 474,7 toneladas de lixo de seguirem rumo ao Guaíba. Presentes à cerimônia de apresentação das conclusões do estudo, os secretários municipais de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário, e Meio Ambiente e Sustentabilidade, Maurício Fernandes, destacaram a importância simbólica da iniciativa e de uma maior conscientização da população.
— Hoje, perdemos R$ 105 mil por dia pela falta de separação do lixo na cidade. Se todos separassem corretamente, poderiam ainda ser criados 2 mil novos postos de trabalho — disse Fernandes, acrescentando que a prefeitura gasta R$ 18 milhões por ano recolhendo lixo de locais irregulares.
Rosário lembrou que a falta de separação impede que o material reciclável depositado em 45 contêineres verdes (para lixo seco) junto com material orgânico seja reaproveitado em Porto Alegre. A Braskem estimula projetos destinados a fazer com que, até 2040, todo tipo de embalagem usada seja retirada do ambiente nos centros urbanos.
Composição do lixo na ecobarreira
- 67,8% rejeitos (materiais diversos sem condição de reciclagem)
- 8,2% plástico
- 7,7% madeira
- 5,8% isopor
- 2% matéria orgânica
- 1,9% outros
- 1,9% metal
- 1,8% borracha
- 1,4% multicamada (tipo de embalagem)
- 1,1% têxteis
- 0,5% vidro
- 0,2% papel
- 0,1% eletrônico