Em sua 22ª segunda edição, marcada para o dia 18, a Parada Livre de Porto Alegre corre o risco de perder o status de grande evento e voltar a ser o que foi nos primórdios: uma marcha colorida com faixas, apitos, bandeiras e gritos de protesto por direitos de LGBTs. A mudança nada tem a ver com nostalgia, mas com penúria financeira.
Ao assumir o Paço Municipal, Nelson Marchezan cortou verbas para eventos como a Parada Livre devido à situação dos cofres da prefeitura. A estrutura de palco, luz e som passou, então, a ser responsabilidade das entidades que integram a organização.
— Pegamos o contato de uma produtora que colocaria a estrutura em troca do direito de buscar patrocínio e ficar com o dinheiro que sobrasse como comissão — conta o jornalista Gabriel Galli, coordenador do Somos, que integra a organização do evento.
A parceria iniciada em 2017, no entanto, não deu certo. Sem revelar o nome da produtora, Galli cita problemas na captação de recursos e descumprimento de algumas regras, como colocação de seguranças e número necessário de banheiros químicos. O fim do contrato — de um ano, com possibilidade de ser estendido — se daria na última segunda-feira (29), por meio de um e-mail do dono da produtora.
— Nos reunimos e pensamos: não tem como cancelar. Com o resultado das eleições de domingo, com o presidente eleito em cima de pautas moralistas, não vamos cancelar. Precisamos mostrar que existimos e resistimos — acrescenta o coordenador do Somos.
Para viabilizar a estrutura — são necessários R$ 40 mil para o evento ocorrer como nos últimos anos —, a organização está fazendo financiamento coletivo, arrecadando dinheiro com festas e vendendo produtos como bótons em estabelecimentos comerciais, além de tentar o apoio de empresas. Se não for possível angariar os R$ 40 mil, a Parada será mais modesta, afirma Galli:
— Com R$ 4 mil, a gente consegue um trio elétrico.