Em live feito no Facebook nesta terça-feira (30), Diego Silva, integrante da banda Encruzilhada do Samba, anunciou que naquela noite ocorreria a provável última roda aberta de samba no viaduto Imperatriz Leopoldina, sob a Avenida João Pessoa — espaço que ficou conhecido como Brooklyn. O motivo é a reprovação de moradores do entorno, que naquela tarde haviam feito reunião com o Ministério Público.
Os organizadores do evento decidiram aceitar o limite de 22h e fazer o samba uma vez a cada duas semanas, em reunião junto à Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, na semana passada. Mas, mesmo nesses termos, a vizinhança não aceitou realizar acordo.
— Além do ruído, eles (moradores) argumentaram que ficam afetados no direito de ir e vir, porque o pessoal estaciona os carros como dá. Queixam-se também do lixo e da colocação de banheiros químicos na entrada de casas. Um senhor com marca-passo relatou que, se precisasse de uma ambulância, o veículo não teria como chegar até ele — afirma promotora de Justiça Ana Marchesan.
Os organizadores alegam que quem estaciona no local são os moradores e que os banheiros químicos ficam embaixo do viaduto. Eles acrescentam que os equipamentos são instalados para que os frequentadores não sujem a calçada em frente à casa dos vizinhos.
Embora a promotora ainda não tenha definido como encaminhar a questão, a Encruzilhada do Samba se antecipou e decidiu interromper a realização dos eventos no Brooklyn. Diego Silva relata que a banda passará a fazer apenas rodas de samba com o aval do Escritório de Eventos da prefeitura, para "resguardar a integridade física" de todos os frequentadores diante da possibilidade de intervenção policial.
— A gente passou muita coisa ali, sobreviveu a um inverno rigoroso embaixo no viaduto, que era provavelmente o único lugar que podíamos fazer samba mesmo com chuva. Considerando o fato de ter se consolidado como um lugar de resistência, acho que é uma perda politica. A gente estava ocupando um espaço que antes estava abandonado — lamenta.
Segundo o Escritório de Eventos, não pode ser licenciado nenhum evento no Brooklyn até ser concluído o inquérito do Ministério Público. O departamento falou com os proponentes para pensarem em alternativas de locais, para adequarem seu projeto.
Na próxima terça-feira (6), o samba será na Praça Júlio Mesquita (em frente à Usina do Gasômetro), das 18h às 22h, e o outro espaço, para intercalar o evento a cada semana, ainda não foi definido — o grupo vai tentar, junto à prefeitura, autorização para utilizar a Praça Garibaldi, entre a Rua Venâncio Aires e a Avenida Erico Verissimo.
— O samba vai ser bacana em outros lugares, vai ganhar outros públicos a medida que circula — opina Diego.