Na corrida contra o tempo para assegurar o recurso da Corporação Andina de Fomento (CAF) disponível para a revitalização da Usina do Gasômetro, a direção do local e a empresa 3C Arquitetura e Urbanismo conseguiram, na semana passada, avançar com os trâmites burocráticos da obra junto à prefeitura de Porto Alegre. O Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) foi aprovado no Conselho Municipal do Patrimônio Histórico Cultural (Compahc), esfera municipal pela qual devem passar projetos de restauração de prédios históricos _ antes disso, já havia passado pela esfera estadual. A previsão é colocar a licitação na rua até o começo de 2019.
— Estamos seguindo à risca o processo para que tudo seja entregue no prazo e dentro do orçamento. O que a gente tem feito é construir ele com a maior celeridade para que seja licitado no tempo mais rápido possível — disse o diretor da Usina do Gasômetro, Luiz Armando Capra Filho.
Segundo o diretor da Usina, o lançamento do edital depende, agora, da aprovação de projetos complementares, como os sistemas elétricos e hidrossanitários, e do orçamento final. Para garantir os US$ 3 milhões da CAF destinados à obra, os trabalhos devem ser concluídos até meados de 2020.
Haverá pouca margem de erro para que entrega ocorra no prazo estipulado. Se o edital for lançado em janeiro, a obra não deve começar antes de abril — terá pouco mais de um ano para ser concluída. O projeto inicial, estimado em pelo menos R$ 20 milhões, sofreu adaptações para se encaixar no orçamento, e, conforme Capra, é executável no período determinado — a adaptação prevê apenas melhorias nas dependências já existentes.
— Nada indica que o prazo vá mudar. E não é uma opção não caber no tempo previsto — disse.
Cartão-postal de Porto Alegre, a Usina do Gasômetro está fechada desde novembro de 2017. Antes disso, em julho, os 10 grupos de artes cênicas do projeto de residência Usina das Artes foram realocados em um prédio na Rua Santa Terezinha. O espaço desativado passou a chamar mais a atenção desde a inauguração do Parque Moacyr Scliar, em junho, quando a circulação intensificou-se na orla, especialmente aos finais de semana.
A revitalização deverá transformar a Usina do Gasômetro em uma espécie de túnel de ligação entre a orla do Guaíba e o Cais Mauá. Após a reforma, a portaria será onde eram os fundos, permitindo que quem venha da nova orla acesse o espaço ou o atravesse em direção ao Cais Mauá, já que haverá uma saída logo à frente da entrada. O projeto servirá, ao mesmo tempo, para integrar a região, aproveitando o fluxo de pedestres, e cumprir os requisitos da Lei Kiss, que exigia saídas de emergência mais próximas e escadas mais largas no local.
O espaço contará com assentos e pergolados para propiciar sombra a quem quiser relaxar apreciando a vista para o Guaíba. Há previsão para um restaurante para o quarto andar. Será mantida a sala de cinema P.F. Gastal e, no segundo pavimento, inaugurado o Teatro Elis Regina, no formato de arena — assentos em volta do palco poderão abrigar até 300 pessoas.
Todos os espaços serão 100% acessíveis a pessoas com deficiências físicas, um dos problemas legais da Usina antes da reforma. Os demais reparos são estruturais no prédio de 15 mil metros quadrados, sobretudo na parte traseira e externa do prédio, castigada pelo Guaíba desde os tempos em que a Usina era uma termelétrica, em 1928.