Em vez de um projeto grandioso, uma entrega em etapas. O Cais Mauá busca um jeito de sobreviver. Sob nova gestão, o projeto mais desejado e arrastado de Porto Alegre ainda respira, apesar das dificuldades. São várias. Quando tudo parecia bem encaminhado, uma investigação da Polícia Federal envolvendo denúncias de desvios em fundos de pensão públicos embaralhou tudo. As sucessivas trocas de empresas responsáveis pela gestão das obras geraram incertezas em série.
Agora, uma outra empresa, especializada em gestão de fundos estressados, a LAD Capital, identificou uma oportunidade entre as nuvens carregadas que pairam sobre uma das áreas mais bonitas e abandonadas da Capital. Se, por um lado, a nova gestora atua há pouco tempo no mercado, por outro, seus controladores, com experiência nas áreas financeira e imobiliária, sabem que o Cais Mauá pode ser um divisor de águas. Estão totalmente focados no sucesso do empreendimento. A contratação de um executivo gaúcho foi o primeiro sinal de crença no futuro. Eduardo Luzardo da Silva assumiu há três semanas e vem mantendo uma série de contatos na tentativa de desemperrar o projeto.
Nesse esforço, uma nova estratégia foi traçada: entregar à população, em um curto espaço de tempo, uma área de 120 metros de extensão que faz divisa com a Usina do Gasômetro. Ali seria aberta uma área multiúso, que vem sendo planejada com investidores locais. A ideia é abrir o cais, mesmo que parcialmente. Depois, aos poucos e com segurança, prosseguir na restauração dos armazéns que se espalham por mais de três quilômetros na orla do Guaíba.
Se existem muitos nós e incertezas no Cais Mauá, há também vontade e trabalho. Será preciso bem mais do que isso mas, sem isso, nada acontecerá.