O Cais Mauá não está parado. Ao contrário. Nos últimos tempos, nunca houve tanto movimento numa região que virou sinônimo de uma Porto Alegre travada e de costas para o Guaíba. É verdade que as máquinas e as obras civis ainda não podem ser vistas por lá, mas o poder público e a iniciativa privada investem tempo e energia na busca de uma solução que faça deslanchar o maior e mais importante projeto urbanístico desse século na Capital.
No começo de 2018, com a chegada de um fundo de investimentos paulista, a equação parecia resolvida. Mas em abril, uma operação da Polícia Federal envolvendo a antiga gestora do Cais Mauá inviabilizou a estrutura montada para financiar a obra. Os investidores se retraíram e uma empresa especializada em gerir "fundos estressados" foi chamada para administrar a confusão.
O esforço agora é para garantir a formatação de um novo marco de captação, blindado de qualquer respingo das eventuais ilegalidades cometidas por investidores que, de acordo com a própria polícia, nada mais tem a ver com o Cais Mauá. Um dos melhores profissionais de estruturação financeira do Brasil está trabalhando na montagem desse quebra-cabeça. "Vamos conseguir", afirma o presidente do Cais Mauá, Vicente Criscio. Além do otimismo, a afirmação está baseada em fatos. Existe uma vontade coletiva em Porto Alegre e o projeto tem potencial de retorno consistente para quem acreditar nele, garantem os envolvidos.
– Se eu fosse investidor, eu não pensaria duas vezes – disse o prefeito Nelson Marchezan no fim de semana.
– Estamos atrasados, mas isso é diferente de estarmos parados – analisa Criscio. Além da questão financeira, uma outra questão surgiu: a área de terra que deveria ser descontaminada antes do inicio de qualquer obra se revelou dez vezes maior do que o inicialmente previsto, exigindo mais tempo de trabalho.
Enquanto isso, os engenheiros se dedicam a aperfeiçoar o projeto. Uma das ideias, pendente ainda da aprovação pelo poder público, é a substituição do shopping vizinho à área do Gasômetro por uma estrutura mais horizontal, como mostra a imagem. Além das vantagens paisagísticas, o novo conceito privilegia a sustentabilidade energética, o espaço livre entre as operações comerciais e acrescenta uma praça à região. Por enquanto, permanece de pé a ideia de entregar a primeira parte da obra, a restauração dos armazéns, em setembro do ano que vem. Serão recebidos hoje os envelopes com as propostas de empresas interessadas na execução dessa etapa. Há pelo menos dez, é o que se comenta em entidades ligadas ao setor.