Ao se reunir com 25 dos 36 vereadores de Porto Alegre na manhã desta quarta-feira (11), o prefeito Nelson Marchezan formalizou uma mudança de comportamento em relação ao que manteve no ano passado, quando o clima tenso predominou nas tratativas com o Legislativo.
No encontro a portas fechadas na Câmara Municipal, sem a presença da imprensa, Marchezan fez um retrato da situação financeira da cidade. Apesar de o tratamento ter sido amistoso, as pautas discutidas foram polêmicas e já conhecidas: crise financeira, mudanças no IPTU, revisão do plano de carreira dos servidores e concessão dos serviços do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) à iniciativa privada.
— Foi uma reunião sem muitas formalidades, onde a gente pôde ter uma relação direta e mais pessoal — avaliou o prefeito.
A opinião foi compartilhada pela vereadora Monica Leal (PP), que apesar de integrar a base aliada já fez críticas ao governo em outros momentos. Ela lembra que o ano passado foi marcado por desentendimentos — em um congresso do MBL, por exemplo, Marchezan disse que "parlamentar é cagão".
— A reunião de hoje nos deixou com outra visão. Ele (o prefeito) se colocou pronto para iniciar esse relacionamento de diálogo, e os vereadores deixaram claro que, independente de siglas partidárias, a cidade de Porto Alegre é o mais importante — relata a vereadora.
Menos otimista, o líder da oposição Marcelo Sgarbossa (PT) resumiu a reunião como "o gesto de um prefeito dizendo que quer conversar".
— Isso não é o que ele tem sinalizado e feito desde o início da gestão. Ele tem rompido diálogo, houve falta de respeito institucional. Agora, ele nos apresentou dados públicos querendo mostrar um déficit que é questionável, e não estou dizendo que há ou não, mas da forma que ele coloca há extrema divergência — afirma o petista, ressaltando que está aberto ao diálogo mas não a acordos para privatizações e "ataques a servidores".
Na visão de Pablo Mendes Ribeiro (PMDB), do bloco independente, a ida do chefe do Executivo à Câmara pode ser vista como um pedido de ajuda para governar:
— Ele veio pedir auxílio dos vereadores. Mostrou dados dizendo que a cidade mais gasta do que arrecada desde 2011, o que mostra o colapso financeiro que a Capital vive.
Valter Nagelstein (PMDB), presidente da Casa, comemorou o clima foi amistoso e chegou a comparar o formato da reunião com o sistema parlamentarista:
— O chefe do Executivo aqui, discutindo conosco, olho no olho, os porquês das questões. Dos problemas com funcionalismo, com buraco de rua, com lixo, com a vida da cidade de um modo geral.