Afastada do movimento intenso do Centro, a zona sul de Porto Alegre é o destino escolhido por famílias que buscam o conforto e a tranquilidade de uma vida interiorana sem sair da Capital. Junto à orla do Guaíba, a área diferencia-se de outros espaços urbanos da cidade. Na opinião de corretores de imóveis consultados por ZH, o desenvolvimento da região sem perder a característica de "cidade pequena" reflete o aumento na procura por moradia na Zona Sul.
Nos últimos cinco anos, o número de residências, estabelecimentos comerciais e terrenos na Zona Sul cresceu 30,7%, conforme dados da Secretaria Municipal da Fazenda. Esse número refere-se às matrículas atualizadas no Registro de Imóveis. Nesse mesmo período, Porto Alegre inteira teve um crescimento de 14,6%.
Até quem já vive na região não pensa em criar raízes em outro lugar. É o caso de Anderson Barrionuevo, 35 anos, que mora no bairro Cristal e até vai se mudar, mas só para algumas ruas adiante. Ele e a esposa, Vanessa Espinosa, 33 anos, vivem na Zona Sul desde crianças.
— Ir para outra região? Nem consigo imaginar. Quando saímos daqui para passear em outro lugar, é muito diferente. Não tem esse ar gostoso, mais contato com a natureza, o Guaíba perto, a prática de esportes na orla. Não é por acaso que tem aquele adesivo, né? "A Zona Sul é tudo de bom!" — brinca.
A ideia do casal é que a filha Ana Clara, três anos, possa experimentar do mesmo clima de interior que eles conhecem desde a infância.
— Para ela, é muito melhor. Todo mundo se conhece na rua e todos os nossos parentes moram por aqui também. É melhor ela crescer perto de praças, árvores, do que em uma área mais urbana, com muito trânsito e movimento. Mesmo que tenha uma tranqueira em alguns pontos no horário de pico, ainda é uma região calma, com mais casas do que prédios — avalia Barrionuevo.
Casal muda de casa,mas não de vizinhança
Assim como Anderson e a família, Vera Suzana Rispoli, 68 anos, também cativa um carinho especial pela Zona Sul. Até o ano passado, ela viveu em uma casa construída pela família no bairro Tristeza em 1958. O casarão ficou muito grande para ela e o marido, Paulo Rispoli, viverem sozinhos. Com filhos e netos já criados, o casal decidiu buscar uma morada um pouco menor, mas na mesma área.
Atualmente, a antiga residência é um restaurante. Quando Vera foi ao local pela primeira vez, ficou surpresa com a reforma feita no local, mas contente pelo novo proprietário ter mantido a estrutura externa e o piso de parquet original.
— Eu já imaginava que, quando saíssemos de lá, o espaço tivesse uma destinação comercial. Fico muito feliz que a casa teve um destino bonito. Sempre que posso, vou lá e caminho por tudo. A casa tem um excelente astral — conta Vera, que por vezes sente saudade do lar onde viveu bons momentos.
Mais árvores, menos prédios e orla do Guaíba são os principais atrativos
Proprietário da Imobiliária Dimóvel, Rodrigo Albuquerque, explica que, geralmente, quem procura por imóveis na região são famílias com filhos ou com animais de estimação.
— A Zona Sul tem essa característica de Interior. Quando as pessoas procuraram por casa, acabam associando mais à região, que não tem tanto prédio, é mais arborizada, tem mais praças. Vem muita gente de fora do Estado para morar em Porto Alegre e quer deixar a família bem-instalada — aponta Albuquerque.
Segundo ele, a cada ano, a procura por imóveis na região, tanto para alugar quanto para comprar, aumenta de 10% a 15%. Nesse mesmo sentido, a corretora de imóveis da Imobiliária Guarida, Suzete Bueno, comenta que essa movimentação é percebida a partir do mês de setembro:
— Nos meses de primavera e verão, a procura aumenta. É uma época de clima mais agradável. A Zona Sul tem um ar mais de praia. São pessoas que buscam pátios, em função de filhos pequenos, de animais de estimação e até por uma questão de liberdade também.
De acordo com os corretores, a construção de avenidas como a Beira-Rio e Diário de Notícias facilitou o acesso da Zona Sul para outras regiões de Porto Alegre. A chegada do BarraShopping e de bares, restaurantes e estabelecimentos comerciais nos arredores também tornou os bairros mais atrativos.
— Hoje em dia tem tudo na Zona Sul. Bares, restaurantes, bancos, farmácias, escolas. E o acesso a outras regiões da cidade também facilita para que uma pessoa que trabalhe no Centro ou em outros bairros, por exemplo, more na Zona Sul — pondera Albuquerque.