Além de demorar mais para ser usufruída pela população, a revitalização da orla do Guaíba vai custar ainda mais caro para a prefeitura de Porto Alegre. Adaptações no projeto e mudanças na planilha orçamentária provocaram mais um aumento nos custos, de R$ 2,69 milhões. Quando teve seu início autorizado, em outubro de 2015, a obra estava contratada por R$ 60 milhões, mas já teve acréscimos. Com o último, o valor já chega a R$ 71 milhões — 18% acima do esperado.
De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim), o reajuste foi necessário "devido à necessidade de ajustes de projeto e acertos da planilha orçamentária identificados pela fiscalização da obra e apontados pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS)". Entre os serviços incluídos neste novo aditivo ao contrato estão o aumento do volume de cortes e aterros devido ao desvio de rede de gás e aquisição de mais material para conclusão da revitalização.
Além disso, houve alteração no projeto de instalações elétricas internas, o que exigiu um aumento na compra de luminárias, eletrodutos, cabos e componentes. Por solicitação do Crea, a proteção lateral dos decks de madeira terão que ser maiores. Em vez dos 50 centímetros de altura previstos em projeto, o guarda-corpo terá agora 1,10 metro. Conforme o Crea, o conselho solicitou um atestado de que os guarda-corpos atendiam às normas técnicas em agosto e, no mesmo mês, a empresa responsável concordou em fazer adequações. Essas mudanças geram um gasto adicional de R$ 6,65 milhões, mas as alterações tornaram outras obras — que custariam R$ 3,95 milhões — desnecessárias. Portanto, o acréscimo ficou em R$ 2,69 milhões.
Na relação dos serviços retirados do projeto estão impermeabilizações, instalações elétricas e telefônicas internas e externas, além da supressão da rede de gás natural, que foi executada pela Sulgás.
Com este último reajuste aprovado, a obra está custando R$ 11 milhões a mais. E deve ser entregue com um ano de atraso: em outubro de 2015, o contrato previa terminar a revitalização até abril de 2017. Otimista, o então prefeito José Fortunati garantia que a revitalização seria entregue até dezembro de 2016. No ano passado, porém, foram feitas várias mudanças no cronograma, com o término prometida para abril, outubro e dezembro de 2017. O último prazo dado pela prefeitura é fevereiro de 2018, mas este também deverá ser ampliado para abril. A prefeitura está analisando um pedido do consórcio Orla Mais Alegre, formado pelas empresas Procon, Sadenco e SH Estruturas Metálicas. A revitalização da orla está 92% finalizada. Foi possível avançar apenas 1% do projeto no mês de dezembro. No mês de novembro houve execução de 2% do trabalho previsto.
Veja os itens que foram acrescidos e provocaram o aumento, segundo nota da prefeitura de Porto Alegre:
- Terraplenagem: aumento no volume de cortes e aterros devido ao desvio de rede de gás (Sulgás);
- Itens diversos oriundos de adequações no orçamento original. Caixilhos para arremates das tampas das caixas de passagem executadas no concreto, forro de gesso nos bares, perfis metálicos previstos no projeto de estrutura metálica, placas de MPU para eficiência do sistema de condicionamento de ar do restaurante QMN, STEIN preservativo para a madeira do ancoradouro, manta térmica para isolamento do telhado da Bilheteria, formas para execução das arquibancadas e escadarias, “espelhos” em madeira itaúba para arremates dos decks, drenos e calhas, bombeamento do concreto, piso podotátil, etc;
- Ajuste do projeto de instalações elétricas internas: o projeto previa infraestrutura elétrica embutida na laje de concreto armado protendida e foi ajustado pelo escritório JLAA, com conceito de infraestrutura aparente. Após esta entrega, a equipe de fiscalização adequou o projeto de instalações elétricas ao novo projeto lumnotécnico enviado pelo escritório. As especificações de luminárias, eletrodutos, cabos e componentes, bem como os seus quantitativos, mudaram. Por isso, a planilha orçamentária teve que ser ajustada através de aditivo;
- Guarda corpo dos decks de de madeira: eles possuíam a previsão de um limitador de borda de 50 centímetros de altura. O Crea-RS esteve na obra e solicitou a adequação deste limitador à função de guarda corpo, compatível com as normas vigentes, de 1,1 metro de altura para todos os decks. Projetista já forneceu novo projeto;
- Rede de energia e iluminação externa e iluminação pública: Itens acrescidos em virtude novas exigências da CEEE e em da adequação da tecnologia de iluminação pública para LED, conforme padrão das obras novas da PMPA.
Itens retirados:
- Impermeabilizações diversas;
- Instalações elétricas e telefônicas internas e externas: Supressões oriundas das alterações de projeto;
- Rede de Gás Natural: Supressão deste item que foi executado pela Sulgás;
- Fundação bilheteria, ancoradouro, recuperação do muro: Redução de itens de fundação;
- Podotátil: troca do material do podotátil.
O andamento dos trabalhos:
Implantação vegetal: 58%;
Bilheteria: 75% (estrutura que engloba a antiga tremonha, projetada para servir de bilheteria ao ancoradouro, revestida em vidro e aço);
Bar Quase Meia Noite: 76% (restaurante circular com piso, teto e fechamentos laterais em vidro);
Passeios: 80% (duas ciclovias — uma no nível da Avenida Edvaldo Pereira Paiva e outra no nível do Guaíba — e pavimentações gerais, incluindo um piso iluminado em fibra ótica e pavimentação em concreto em todo entorno da Usina do Gasômetro);
Edificações: 80% (quatro bares, dois espaços para vendedores ambulantes, um vestiário e um espaço para a Guarda Municipal);
Quadras esportivas: 82%;
Arquibancadas: 83% (estruturas em concreto armado destinadas a contemplação e acesso ao rio);
Infraestrutura: 91% (redes de energia elétrica, água, esgoto, pluvial e gás natural);
Reservatório: 95% (estrutura metálica de 23 metros de altura destinada a reservar água para abastecer o complexo);
Decks: 98% (estrutura que avança sobre a água, com piso em madeira);
Ancoradouro: 99% (estrutura situada atrás da Usina do Gasômetro, que avança sobre a água, com piso em madeira, destinada a receber embarcações;
Passarelas: 100% (estruturas metálicas que adentram o Guaíba para passeio);
Praça Júlio Mesquita: 100% (inaugurada);
Postes inclinados: 100%.