Um ato simbólico na manhã desta segunda-feira (29) representa a indignação de policiais com a possível demolição do ginásio da Brigada Militar (BM). O prédio, no cruzamento da Avenida Ipiranga com a Rua Silva Só, em Porto Alegre, foi atingido por um temporal em outubro do ano passado e teve metade do telhado arrancado. Apesar do anúncio do governo do Estado e BM que a estrutura será derrubada, ainda não foi feito pedido de licença de demolição junto à prefeitura.
O grupo de ex-comandantes da BM, que lidera o movimento contra a demolição, defende que o prédio deveria ser preservado, já que foi construído por policiais militares, em 1963. No local eram realizados eventos como formaturas de soldados, cabos, sargentos e oficiais.
— Precisamos preservar os patrimônios históricos da nossa capital e do nosso Estado. É lamentável esse acontecimento — diz o ex-comandante geral da BM e coronel da reserva Nilso Narvaz, que ainda avalia se o grupo ingressará com ação judicial para tentar impedir o leilão.
Após a tempestade que danificou o prédio, uma equipe de engenheiros da BM fez um levantamento dos prejuízos, removeu escombros e adotou medidas preventivas. Ainda em outubro, chegou a ser divulgado que o conserto do ginásio custaria cerca de R$ 800 mil e a obra levaria cerca de seis meses.
No início do ano, o Conselho Regional de Engenharia (Crea-RS) chegou a notificar a BM sobre o risco de manter o prédio danificado sem reparos. Na época, o engenheiro civil Marcelo Saldanha, que, além de conselheiro do Crea, é vicepresidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape- RS), informou que a cobertura funcionava como uma amarração e que, na falta desse elemento, qualquer ação externa poderia gerar problemas. Em novembro, a prefeitura também havia solicitado ao governo estadual que um laudo de estabilidade estrutural fosse apresentado, pedido que não foi atendido.
Avaliado em R$ 41 milhões, o terreno na esquina das avenidas Ipiranga e Silva Só deve ser leiloado até o final de fevereiro. A intenção do governo estadual é vendê-lo junto com o terreno de trás, onde funciona a Escola de Bombeiros do Rio Grande do Sul. Juntas, as duas áreas irão a leilão pelo preço inicial de R$ 119,1 milhões.
Com os recursos, a Secretaria da Segurança prometeu construir um novo complexo esportivo, mais moderno, na área da Academia de Polícia Militar, na Avenida Aparício Borges, uma nova Escola de Bombeiros e de uma nova sede para o comando do Corpo de Bombeiros.
BM não dá informações sobre demolição
Em reunião no começo de janeiro, representantes da Brigada Militar e do governo do Estado concordaram em iniciar a demolição do ginásio ainda neste mês. Mas a Brigada Militar não informa quando começarão os trabalhos.
A reportagem solicitou entrevista ao comando-geral da Brigada Militar, questionando quando começará a demolição, de que forma será feita e perguntando também sobre os riscos de queda da estrutura enquanto nenhuma providência é tomada. A instituição respondeu por meio de assessoria de imprensa, afirmando que não falaria sobre o assunto — nenhuma questão foi esclarecida. A reportagem também tentou contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, segundo a qual esse assunto deveria ser respondido exclusivamente pelo comando da Brigada Militar.