Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o secretário de Saúde de Porto Alegre, Erno Harzheim, detalhou o rompimento do contrato da prefeitura com o Hospital Beneficência Portuguesa — um dos mais antigos da Capital, com 158 anos de história.
De acordo com Harzheim, o contrato foi rescindido por "questões internas" de gestão do hospital e não por problemas do corpo clínico.
— Uma das áreas de especialização do Beneficência é a neurocirurgia. Mas houve o rompimento do hospital com a clínica de tomografia. Com isso, eles pararam de fazer cirurgias dessa especialidade, que era um dos procedimentos com maior retorno financeiro para a casa de saúde — cita como exemplo de decisões equivocadas que agravaram a crise da instituição.
Conforme Harzheim, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) apostou por dois anos na recuperação da casa de saúde, mantendo o repasse de R$ 1,4 milhão por mês para 116 leitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
— Mas chegamos a um limite. O Beneficência tem quase R$ 7,5 milhões em dívida com a prefeitura por atendimentos não prestados à população — salienta.
Nos últimos seis meses, a redução das internações pelo SUS foi gritante. De acordo com a Central de Leitos, foram apenas 126 em junho, 45 em julho, 78 em agosto, 20 no mês de setembro e apenas duas em outubro.
Conforme o secretário, a rescisão do contrato não causará impacto maior na rede de saúde pública:
— A redução gradual dos atendimentos na instituição hospitalar já vinha sendo suprida pelas demais prestadores de serviço da rede — garante.
A reportagem aguarda o posicionamento do diretor do Beneficência, José Antônio Pereira de Souza. Em mensagem, Souza afirmou que está finalizando um relatório sobre a situação da casa de saúde e que irá procurar a imprensa para explicar a situação.
Desde o mês de agosto, GaúchaZH acompanha o caso. Em setembro, Souza afirmou que aguardava a liberação de um financiamento de R$ 14 milhões para quitar os salários e injetar dinheiro em caixa. Na ocasião, o empréstimo estava em análise por instituições bancárias. Com a crise financeira, os funcionários da casa de saúde estão sem receber salários há mais de seis meses.