Dar espaço para músicos apresentarem seu próprio trabalho não é novidade na Cidade Baixa. Mas os palcos para o som autoral têm se multiplicado na carona de coletivos e projetos criados para explorar e divulgar novos nomes da cena porto-alegrense.
Veja os bares que tocam música autoral no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre
Autoral Social Clube, Escuta e Vila Baixa são exemplos da mobilização de compositores para abrir portas para esse cenário.
- Hoje, percebemos que os espaços para autoral estão crescendo porque há uma movimentação da parte dos artistas pra que suas músicas próprias seja escutadas pelo público- afirma Filipe Narcizo, do grupo Trem Imperial.
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Foi desta forma que Lucas Victorino, cantor e compositor ganhou confiança e garantiu seu espaço quinzenal nas noites do Parangolé. Depois de dois anos de trabalho no local, ele ofereceu à casa o projeto Vila Baixa, que leva música Folk ao local em uma sexta-feira do mês.
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- Vi o quanto é difícil encontrar abertura para mostrar o trabalho quando lancei meu primeiro EP, em 2013. Mas é bastante gratificante montar um show - diz.
Para ele, a grande dificuldade é o público e os bares abrirem mão dos hits típicos dos shows cover e se dispor a conhecer coisas novas:
- A gente tenta modificar essa cultura de ouvir mais do mesmo.
Mesmo em ascensão, o mercado para quem se propõe a investir em novas caras ainda não é satisfatório e, muitas vezes, chega a decepcionar. É o que conta Clair dos Santos, proprietária do Signos Pub, voltado para bandas de rock e metal.
- As pessoas só querem ouvir as músicas que conhece. Muitas vezes, passam no bar durante a passagem de som e querem saber o que vai tocar, mas acabam indo embora justificando que se não tiver cover não ficam - lamenta.
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O público limitado a amigos da banda também é um empecilho para a casa.
- Não estamos tendo retorno - diz Clair.
Mas não faltam canais para vencer essa resistência. Além do boca a boca, a internet é outra aliada na hora de divulgar a programação autoral. Pelas redes sociais, os bares e os próprios artistas conseguem se aproximar do público.
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- Certamente a maior porta para que se conheça música independente hoje em dia é a internet. Temos um certo alcance através do Facebook, por exemplo. A ferramenta de compartilhamento faz com que as coisas se espalhem bem rápido. Mas o contrário também acontece. Pessoas estarem no show por acaso e depois disso acompanharem a banda pela internet, onde sempre atualizamos notícias e agenda - afirma Filipe.