A inclusão também é um convite à Feira do Livro. Nas bancas e em espaços temáticos, há opções para leitores que buscam acesso à literatura por meio do braile, da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e dos audiolivros.
Na Biblioteca Moacyr Scliar, no Cais do Porto, deficientes auditivos e visuais encontram a Confraria das Letras em Braile, projeto criado em parceira com a Câmara Rio-Grandense do Livro e com a Fundação de Desenvolvimento e Articulação de Políticas Públicas (Faders). O espaço apresenta 10 livros infantis transcritos para o braile que estão sendo distribuídos a 20 instituições do Estado, incluindo associações de cegos e bibliotecas públicas.
- O projeto é de inclusão pela literatura em braile. A Câmara do Livro fornece o material para a impressão, as editoras e os autores cedem os direitos autorais, e a impressão é feita pela Faders - explica a professora Isabel Sant'Anna Oliveira, coordenadora do projeto.
A confraria ainda conta com o Espaço Sensorial, que convida o público a entrar com os olhos vendados para ter uma noção das dificuldades enfrentadas pelos deficientes visuais.
Também dentro da Biblioteca Moacyr Scliar, a Associação de Cegos do Rio Grande do Sul (Acergs) oferece livros com edições em braile. No local, estão à venda obras infantis com transcrição para deficientes visuais, além de exposições de materiais da associação.
- A média de preço desses exemplares é um pouco acima do normal, já que o papel para impressão precisa ser diferente. Um livro que você pagaria R$ 15 em uma banca normal aqui sai em torno de R$ 25 - diz o funcionário da Acergs, Maurício Wolker.
Já nas bancas da Área Geral, as opções com recursos de acessibilidade são os audiolivros, disponíveis em bancas como Libretos (23), Ano Bom Livraria (28), Imprensa Livre (34) e Multilivro (103). O formato consiste em CDs que apresentam livros narrados. Segundo os livreiros, são bastante solicitados por deficientes visuais adultos.
- As crianças precisam ter o contato com o braile para aprenderem. Se só escutarem a história, elas não vão aprender. Já os adultos, alfabetizados no braile, consomem mais os audiolivros - explica Isabel, que é especializada na área de deficiência visual.
Já a oferta de títulos com a Língua Brasileira de Sinais (Libras) deixa a desejar nas bancas da Feira. São poucos os livros de literatura em linguagem de sinais, e a maioria consiste em livros explicativos sobre Libras.
Segundo o vice-presidente da Câmara do Livro, Isatir Antonio Bottin Filho, ações voltadas à acessibilidade são importantes para uma maior conscientização:
- As editoras ainda não viram o potencial desse mercado, e precisamos dar visibilidade para que elas invistam. Esse segmento ainda é carente.