A legislatura chancelada pelas urnas na eleição de outubro gerou uma Câmara Municipal com maioria governista e oposição reforçada em Porto Alegre. Ao tomarem posse neste 1º de janeiro, os 35 vereadores da Capital se preparam para discutir temas polêmicos nos próximos quatro anos, entre eles o novo Plano Diretor da cidade e a concessão do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae).
Para aprovar tais políticas públicas, o prefeito Sebastião Melo (MDB) conta oficialmente com 23 vereadores na base governista. O número diminuiu em relação à legislatura anterior, quando Melo tinha apoio de até 26 dos 36 parlamentares. Em função da redução na população registrada no Censo 2022, a Câmara perdeu um assento a partir de 2025.
Pela nova configuração, Melo terá como aliados os 16 vereadores eleitos pela sua coligação, além de outros seis cujos partidos aderiram no segundo turno. O PDT apoiou Maria do Rosário (PT) no segundo turno e, por enquanto, mantém-se neutro. Contudo, o único vereador do partido, Márcio Bins Ely, já declarou apoio a Melo.
Apesar da maioria confortável, o prefeito enfrentará uma oposição mais robusta. Com 12 cadeiras, duas a mais do que na legislatura anterior, PT, PSOL e PCdoB terão mais instrumentos para confrontar o Paço Municipal. Além de ter número suficiente para instaurar comissões parlamentares de inquérito, os três partidos também poderão barrar eventuais mudanças na Lei Orgânica, espécie de constituição municipal que exige 24 votos favoráveis para ser alterada.
Novas bancadas
A nova formatação do plenário também abriga menos partidos. Se na eleição de 2020 havia 18 legendas representadas na Câmara, agora são 13 — 10 delas aliadas do governo. Seis partidos aumentaram as bancadas (PT, PSOL, PL, Republicanos e PP), dois reduziram (PSDB e PDT) e cinco permaneceram do mesmo tamanho (MDB, Novo, PCdoB, Cidadania e PSD).
Seis partidos que haviam conquistado assento na legislatura anterior não elegeram ninguém: PTB (hoje PRD, após fusão com o patriota), PRTB, PSL, DEM, PSB e Solidariedade). Já o Podemos voltou à Casa após passar em branco em 2020.
O índice de renovação foi de 42%, com 15 novatos. O PT elegeu três estreantes, seguido de MDB, PP, PSOL e Republicanos, cada um com dois vereadores debutando na Casa. Entre as novidades, destacam-se duas mulheres trans, Natasha Ferreira (PT) e Atena Roveda (PSOL), bem como Coronel Ustra (PL), primo do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado por tortura na ditadura militar.
Os 35 vereadores de Porto Alegre:
PSOL
Atena Roveda (4.260 votos) - professora, eleita pela primeira vez
Grazi Oliveira (14.321 votos) - professora e militante do movimento negro, estreia na política
Karen Santos (20.207 votos) - professora de educação física, vai para o segundo mandato
Pedro Ruas (12.070 votos) - advogado e ex-deputado estadual, vai para o sétimo mandato na Câmara
Roberto Robaina (10.033 votos) - professor, eleito para o terceiro mandato
PT
Aldacir Oliboni (4.869 votos) - jornalista e ex-deputado estadual, vai para o sexto mandato como vereador
Alexandre Bublitz (7.144 votos) - médico, estreante na política
Jonas Reis (8.235 votos) - professor e pedagogo, vai para o segundo mandato
Juliana de Souza (6.261 votos) - professora, eleita para o primeiro mandato
Natasha Ferreira (4.718 votos) - estudante, eleita pela primeira vez
PL
Comandante Nádia (18.010 votos) - oficial da reserva da Brigada Militar, eleita para o terceiro mandato
Coronel Ustra (PL) (2.669 votos) - tenente-coronel do Exército, eleito pela primeira vez
Fernanda Barth (7.063 votos) - jornalista, eleita para o segundo mandato
Jessé Sangalli (22.966 votos) - eleito para o segundo mandato, foi o mais votado da Capital
MDB
Tanise Sabino (6.270 votos) - psicóloga, vai para o segundo mandato
Professor Vitorino (5.315 votos) - professor, eleito para o primeiro mandato
Rafael Fleck (5.908 votos) - advogado, eleito para o primeiro mandato
PP
Mariana Lescano (6.389 votos) - policial penal, eleita para o primeiro mandato
Mauro Pinheiro (5.661 votos) - gestor público, vai para o quinto mandato
Vera Armando (5.693 votos) - jornalista, estreante na política
PSDB
Gilson Padeiro (7.070 votos) - gestor público, eleito para o segundo mandato
Marcelo Bernardi ( 7.759 votos) - ex-conselheiro tutelar, eleito pela primeira vez
Moisés Barboza (8.603 votos) - gestor público, eleito para o segundo mandato
Republicanos
Carlo Carotenuto (4.644 votos) - pastor evangélico, eleito pela primeira vez
Gilvani O Gringo (7.891 votos) - empresário, eleito para o primeiro mandato
José Freitas (6.746 votos) - ex-conselheiro tutelar, vai para o quarto mandato
Novo
Ramiro Rosário (16.450 votos) - advogado e membro do MBL, eleito para o terceiro mandato
Tiago Albrecht (7.615 votos) - teólogo e radialista, eleito pela primeira vez
PCdoB
Erick Dênil (5.376 votos) - líder comunitário, eleito para o primento mandato
Giovani Culau (4.902 votos) - cientista social, eleito em um coletivo para o segundo mandato
Podemos
Giovane Byl (12.115 votos) - líder comunitário, eleito para o segundo mandato
Hamilton Sossmeier (4.053 votos) - pastor evangélico, eleito para o segundo mandato
Cidadania
Marcos Felipi (6.618 votos) - advogado, foi secretário de Serviços Urbanos no primeiro governo Sebastião Melo
PDT
Márcio Bins Ely (6.296 votos) - advogado, vai para o sexto mandato
PSD
Cláudia Araújo ( 6.321 votos) - gestora pública, eleita para o segundo mandato