Antes da enchente, a habitação já era um dos maiores desafios para os prefeitos do Brasil. No Rio Grande do Sul, o que já era crítico se agravou. Em Porto Alegre, a crise da moradia piorou a partir de maio de 2024, quando milhares de pessoas foram desalojadas. Pelo menos 20 mil casas foram destruídas sem possibilidade de recuperação.
Diferentemente da educação e da saúde, que têm um percentual do orçamento assegurado, os investimentos em moradia são difusos. Dependem de decisões dos governos municipal, estadual e federal. Os programas existentes não dão conta da demanda e o resultado são milhares de famílias vivendo em condições degradantes, muitas vezes em áreas de risco, sujeitas a deslizamentos e alagamentos que ameaçam a vida e o patrimônio.
Quando esteve no Rio Grande do Sul, o presidente Lula prometeu uma série de programas para a concessão de casas a quem perdeu tudo — da compra assistida à transformação de prédios públicos desativados em moradias de interesse social. O maior volume, naturalmente, vem da compra de casas e apartamentos disponíveis no mercado ou em construção, mas os números ainda são tímidos.
Confirmado no comando do Departamento Municipal de Habitação, André Machado tem um mapa detalhado das necessidades de Porto Alegre, com prioridade para a remoção de famílias que vivem em áreas de risco, mas os recursos são escassos e os programas federais demoram a se tornar realidade para as famílias que estão na espera às vezes por mais de uma década.
Há ainda problemas simples que podem ser resolvidos por meio de medidas simples. É o caso das pessoas menos instruídas de preencher os cadastros na internet. O Demhab montou uma espécie de balcão para ajudar as pessoas pouco familiarizadas com os meios digitais na hora de encaminhar a documentação para a compra assistida de imóveis escolhidos no mercado.