Atena Roveda (PSOL) fala com a pressa de quem tem premência para resolver problemas profundos. A partir de janeiro ela será uma das duas vereadoras travestis de Porto Alegre. Junto a Natasha (PT), ela espera criar o que chama de bancada arco-íris, em alusão ao símbolo da causa LGBTQ+, que pretende defender na capital gaúcha.
Dona de 4.260 votos, ela quer defender na Câmara de Vereadores uma bandeira que além de multicolor também seja pluritemática. Além das questões de gênero, pretende defender as pautas do meio ambiente e da cultura.
— Temos muitas pessoas LGBTQ+ nas periferias, muitos negros. Vamos construir junto à bancada negra. Vamos lutar contra todos os tipos de opressão, inclusive a transfobia — explica Atena.
Filha de atores, a professora de filosofia de 33 anos não consegue se ver desconectada da política. Todos os seus nove livros publicados são de viés ativista.
A militância cultural começou desde cedo por meio do teatro de rua. Aos 15 anos, realizou sua primeira apresentação e recebeu R$ 150 de cachê em sua estreia. Em seu perfil, diz ser "filha da cultura de rua" e que "seu primeiro nome é resistência e o segundo nome poesia".
Sou da arte. A cultura em Porto Alegre mingua. São muitos espaços culturais cedidos à iniciativa privada.
ATENA ROVEDA
Em 2022, tornou-se a primeira travesti a tomar posse no Legislativo porto-alegrense ao ocupar a cadeira do licenciado Márcio Bins Ely. À época era filiada ao PDT. Naquele mesmo ano migrou para o PSOL, partido que, segundo ela, mais representa as causas relacionadas às questões de gêneros.
No período, aprovou o tombamento do slam, uma espécie de batalha de poesia falada, como patrimônio cultural de Porto Alegre.
— Não é só ter representatividade. É se colocar na vida do brasileiro, buscar força coletiva, a humanização. A questão LGBTQ+ é uma questão de sobrevivência — argumenta.