O líder chinês, Xi Jinping, chegou na manhã desta quarta-feira (20) ao Palácio da Alvorada, em Brasília, no Distrito Federal, para uma visita oficial. Ele foi recepcionado pelo presidente Lula (PT) e pela primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. Além da tradicional cerimônia de chegada para chefes de Estado, Xi participará de uma reunião bilateral com Lula e outra ampliada, envolvendo sua delegação. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Na sequência, haverá a assinatura de atos, uma declaração conjunta à imprensa e um almoço. No fim do dia, o líder chinês será homenageado com um jantar no Palácio do Itamaraty, reunindo convidados do governo, empresários e representantes da sociedade civil.
Mesmo com as pressões chinesas nos últimos meses, o governo brasileiro não deve aderir à Nova Rota da Seda — o programa de investimentos da China. Ainda assim, mais de uma dezena de acordos serão assinados durante a visita, considerada a mais relevante do ano para Lula.
A China já é o principal parceiro comercial do Brasil, e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos — que prometeu tarifas e medidas protecionistas antes de assumir o cargo — tornou ainda mais estratégica a relação entre Brasília e Pequim.
O projeto chinês de investimentos, aguardado há anos, foi tema de discussões que dividiram o governo brasileiro. Em artigo publicado, Xi Jinping mencionou o "reforço das sinergias entre a Iniciativa Cinturão e Rota e as estratégias de desenvolvimento do Brasil", mas fez apenas uma breve referência à Nova Rota da Seda.
No mesmo artigo, ele afirmou que os dois países "entendem e apoiam os caminhos de desenvolvimento que o povo chinês e o povo brasileiro escolheram". Xi visitou o Brasil pela última vez em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), para a cúpula do Brics em Brasília.
A visita atual celebra os 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China e foi vista como a oportunidade ideal para um possível anúncio de adesão do Brasil à Nova Rota da Seda. Em abril, Lula visitou Xi Jinping e assinou 15 acordos, afirmando que ninguém "iria proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China". Contudo, a adesão ao projeto não foi oficializada.
Acordo com empresa de satélites chinesa
Ainda nesta quarta-feira, o governo brasileiro assina um memorando de entendimento com a SpaceSail, empresa chinesa concorrente da Starlink, de Elon Musk, para colaboração na administração pública. O documento, negociado desde outubro, prevê uma parceria com a Telebras para o desenvolvimento de sistemas de satélites LEO (de órbita terrestre baixa), expandindo a conectividade em regiões isoladas e rurais do Brasil, com operações previstas para 2026.
"A SpaceSail propõe investir na operação de um sistema de satélites LEO para fornecer serviços que expandam a oferta de conectividade espacial do Brasil e contribuam para a redução da divisão digital, especialmente em regiões isoladas e territórios rurais menos favorecidos, com previsão de início de operações em 2026", destaca o texto.
O acordo, celebrado na terça-feira (19) com o ministro Celso Sabino (Comunicações), reforça os laços econômicos entre os dois países.