A disputa por espaços tem atrasado a definição dos secretários municipais no segundo governo de Sebastião Melo em Porto Alegre. Faltando três semanas para a posse, apenas dois titulares foram confirmados e o prefeito ainda não enviou à Câmara a reforma administrativa que pretende implementar na nova gestão.
Em conversas reservadas, Melo tem deixado transparecer o incômodo com a ambição de partidos aliados, sobretudo o PL e o PP, para ocupar espaços na máquina pública. Ao mesmo tempo, tem feito uma análise criteriosa dos quadros oferecidos, descartando os que não considera capacitados para o primeiro escalão.
O PL, que já emplacou Leonardo Pascoal na Educação, demonstrou interesse em outras pastas de destaque, como a Saúde, a Mobilidade e o Desenvolvimento Econômico. Para o último posto, o nome apresentado seria o do empresário Claudio Goldsztein.
Recém-filiado ao PL, o secretário da Administração, André Barbosa, conversou com o prefeito sobre a continuidade no cargo. No entanto, a manutenção é vista com ceticismo por interlocutores de Melo.
Disputa
Por sua vez, o PP sinalizou interesse em ocupar ao menos três posições no primeiro escalão. Os vereadores eleitos do partido se reuniram com Melo nesta quarta-feira (11) e terão nova reunião na quinta (12), com pretensão de bater o martelo sobre espaços ao partido.
— Nossa expectativa é de amanhã sair com um ou dois nomes do Progressistas confirmados — diz a vereadora eleita Mariana Lescano.
Nos bastidores, o presidente da Câmara, Mauro Pinheiro (PP), é cotado para o Desenvolvimento Econômico, no que seria uma compensação por não tentar a recondução para o comando do Legislativo em 2025.
Além do PL e do PP, o Novo, que está ingressando formalmente no governo, também sinalizou intenção de comandar a pasta voltada à economia.
Outras secretarias que despertam interesse de diferentes legendas são a do Desenvolvimento Social e a de Serviços Urbanos. A última, responsável pela zeladoria urbana, cresceu no conceito dos partidos diante do sucesso eleitoral de seus comandantes. Tanto o titular, Marcos Felipi Garcia (Cidadania), quanto o adjunto, Professor Vitorino (MDB), se elegeram vereadores.
Diante disso, há uma disputa aberta entre o MDB e o Cidadania sobre qual dos dois ficará com o comando da pasta no novo governo. Uma das possibilidades discutidas é que o vencido nesta queda de braço seja deslocado para a Secretaria de Obras.
Governo pode começar com cargos em aberto
O vereador Cassiá Carpes, que ficou na suplência, mas pode assumir vaga na Câmara em 2025, tem participado de discussões da transição e confirma uma postura mais exigente de Melo nas indicações.
— Muitas vezes os partidos indicam para o governo quem não querem nos seus gabinetes. O Melo quer mudar essa regra, quer gente competente, que não tenha passado ruim e não vá causar problemas — diz o vereador.
No centro administrativo, auxiliares do prefeito acreditam que ainda nesta semana Melo deve anunciar novos integrantes da equipe. Por outro lado, já é dado como certo que o novo governo começará sem ter toda a composição indicada.
Melo tem apoio de 11 partidos, dos quais nove terão representação na Câmara de Vereadores a partir de 2025.
Nomes já confirmados
- Leonardo Pascoal (PL) - prefeito de Esteio, será secretário da Educação da Capital a partir de 2025.
- Cezar Schirmer - atual secretário do Planejamento, foi confirmado por Melo na equipe em entrevista à Rádio Gaúcha, mas poderá mudar de pasta no novo governo.
- Bruno Vanuzzi - procurador de carreira do Estado e especialista em concessões, será diretor-geral do Departamento de Água e Esgotos (Dmae).
Outros dois secretários têm a permanência praticamente assegurada: Germano Bremm, que comanda a pasta do Meio Ambiente e o Escritório de Reconstrução, e Luiz Otávio Prates, de Comunicação.