Como é praxe no período posterior às eleições, vereadores eleitos e reeleitos de Porto Alegre negociam a divisão de cargos na Mesa Diretora, nas comissões e em outros espaços da Câmara Municipal para a próxima legislatura. No momento, a articulação que avança com mais vigor é a que visa levar a vereadora Comandante Nádia (PL) à presidência da Casa em 2025.
A base do acordo, que ainda está em construção, prevê conduzir ao comando os partidos governistas com o maior número de cadeiras na Casa. Assim, o Legislativo teria o PL à frente em 2025, a federação PSDB-Cidadania em 2026, o Republicanos em 2027 e o MDB em 2028.
Maior partido aliado do prefeito Sebastião Melo, o PL tem quatro assentos na Câmara, mesmo número da federação liderada pelos tucanos. Já o Republicanos e o MDB conquistaram três vagas cada.
A possível presidência de Nádia encontrou embaraço na ação movida contra ela na Justiça Eleitoral, visando cassar o registro de sua candidatura à reeleição — o também vereador Roberto Robaina (PSOL) alega que ela pode ter cometido irregularidade ao participar de um ato de inauguração durante a campanha, o que é proibido. Nesta segunda-feira (9), porém, parecer do Ministério Público favorável a ela devolveu vigor a esta possibilidade.
Por ora, a vereadora mantém cautela e diz que as tratativas para a próxima legislatura visam definir o espaço dos partidos, e não de um vereador ou outro, visto que a eleição de 2026 pode mudar a composição da Câmara.
— Essa articulação é feita de forma respeitosa, observando o número de vereadores de cada partido da base — afirma.
Enquanto Nádia se movimenta no PL, Moisés Barboza (PSDB) já teve o nome referendado internamente em sua federação para postular a presidência. No Republicanos, a tendência é de que o indicado seja José Freitas, que teria precedência natural sobre os colegas por ser o único dos eleitos que já tem mandato.
Pelo MDB, a ficha 1 é a vereadora Tanise Sabino, mais votada da legenda, mas o plano pode mudar caso ela concorra a deputada e seja eleita em 2026. Neste caso, Idenir Cecchim assumiria a titularidade e se tornaria favorito para a vaga.
A equação encontra resistência no PP, que deseja manter no cargo em 2025 o atual presidente, Mauro Pinheiro. Assim como MDB e Republicanos, o PP obteve três cadeiras na nova legislatura, mas ficou atrás dos outros dois em número de votos conquistados.
Pinheiro tem maior simpatia da oposição, que rejeita Nádia na presidência. Correligionários tentam articular a cedência de uma secretaria de vulto no governo Melo para compensar o vereador, caso ele recue diante do avanço da colega.
Pinheiro e as duas outras vereadoras eleitas pelo PP têm encontro marcado com o prefeito nesta quarta-feira (11), ao meio-dia.
Embora as tratativas em curso na Câmara garantam vereadores aliados a Melo na presidência durante os quatro anos de gestão, os partidos de oposição não devem ficar excluídos. A exemplo da composição atual, PT, PSOL e PCdoB terão cargos na Mesa Diretora e ficarão no comando de comissões da Câmara.