O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu neste sábado (16), durante seu discurso de encerramento do G20 social, mobilização popular permanente no G20 para avançar em pautas prioritárias propostas pelo Brasil. O país enfrenta dificuldades diplomáticas de conseguir compromissos às vésperas da Cúpula de Líderes no Rio, nos dias 18 e 19.
— A mobilização permanente de vocês será fundamental para impulsionar os trabalhos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e avançar na tributação dos super-ricos, para garantir o cumprimento das metas de triplicar o uso de energias renováveis e antecipar a neutralidade de emissões e para levar adiante nosso chamado à ação pela reforma da governança global, assegurando instituições multilaterais mais representativas — afirmou o petista.
O presidente fez um discurso de improviso em que defendeu também a inclusão de países de Ásia, África e América Latina no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Afirmou ainda que vai discursar novamente à noite no festival de música da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, e prometeu cantar.
Durante o evento, o petista afirmou que a economia e a política internacional não podem ser "monopólio de especialistas nem de burocratas" fechados em escritórios nas principais capitais do mundo — sejam nas bolsas de valores ou nos gabinetes governamentais.
Lula mandou recados claros em função das objeções levantadas pelos representantes do presidente argentino Javier Milei nas negociações prévias e ainda em andamento. Milei abriu cinco frentes de questionamento e pode impor uma derrota diplomática ao G20 brasileiro.
O petista citou explicitamente os temas discutidos no grupo dedicado a questões de gênero — no fim dos trabalhos, a Argentina se isolou na posição contrária. Também objetou assuntos ligados ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável.
— Os membros do G-20 têm o poder e a responsabilidade de fazer a diferença para muita gente — afirmou Lula.
Lula cobrou ainda financiamento climático dos países ricos aos mais pobres e afirmou que os governos precisam "romper com a dissonância cada vez maior entre a voz dos mercados e a voz das ruas".
Ele defendeu a adoção de "jornadas de trabalho mais equilibradas", enquanto o Congresso se prepara para debater uma proposta de redução da jornada de trabalho 6x1. O governo não tem ainda uma posição oficial sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) da deputada Erika Hilton (PSOL/SP).
— O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias. O G-20 precisa discutir uma série de medidas para reduzir o custo de vida e promover jornadas de trabalho mais equilibradas — afirmou o presidente.
Três dias após um atentado a bomba em Brasília, o presidente afirmou que os espaços de debate devem ser preservados contra os extremistas. Ele não mencionou diretamente a explosão provocada por Francisco Wanderley Luiz, que se matou em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF).
— Precisa preservar o espaço público para que o extremismo não gere retrocessos nem ameace direitos. Precisa se comprometer com a paz para que rivalidades geopolíticas e conflitos não nos desviem do caminho do desenvolvimento sustentável —encerrou o petista, também com uma referência indireta às guerras em curso no mundo.