O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou pela primeira vez, nesta sexta-feira (6), sobre as acusações de assédio sexual que teriam sido cometidas pelo ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. As informações são do portal g1.
Lula declarou que tomou conhecimento do caso na quinta-feira (5) e solicitou ao advogado-geral da União, Jorge Messias, e à Controladoria-Geral da União (CGU) que iniciassem as discussões sobre o tema.
— O que eu posso antecipar é o seguinte: alguém que pratica assédio não vai ficar no governo. Eu só tenho que ter o bom senso de que é preciso que a gente permita o direito à defesa, a presunção de inocência, ele tem o direito de se defender. Mas eu acho que não é possível a continuidade no governo — disse Lula à Rádio Difusora, de Goiás.
— É isso o que vou decidir hoje à tarde. Vou tomar uma decisão, porque é o seguinte: o governo precisa de tranquilidade.
Lula continuou: "o país está indo bem, as coisas estão funcionando bem, a economia está crescendo, o emprego está crescendo, o salário está crescendo, o nosso comércio exterior está crescendo. Só de mercados novos para os produtos brasileiros, foram abertos 183 novos mercados em apenas 19 meses Eu não vou permitir que um erro pessoal de alguém, um equívoco de alguém, vá prejudicar o governo".
Na sequência, Lula disse querer "paz e tranquilidade" e afirmou que "assédio não pode coexistir com a democracia, com os direitos humanos e, sobretudo, com o respeito ao subordinado".
Reuniões
Lula afirmou ter pedido na quinta que o advogado-geral da União, Jorge Messias; o controlador-geral da União, Vinicius Marques de Carvalho; e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, começassem as conversas sobre o tema.
O presidente retorna a Brasília na tarde desta sexta-feira, após compromissos em São Paulo e Goiás. Ele deve se encontrar com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, apontada por auxiliares do Planalto como autora de uma das denúncias.
Lula também planeja conversar com o ministro Silvio Almeida, que nega as acusações e afirma ser alvo de "ilações absurdas".
O presidente mencionou ainda que pretende dialogar com "mais três mulheres que são ministras", sem citar nomes. O governo conta atualmente com nove ministras, entre elas Anielle Franco.
Foto de Janja e Anielle
Lula foi questionado sobre uma foto publicada pela primeira-dama, Janja, em uma rede social. Na imagem, sem legenda, Janja aparece beijando a testa de Anielle Franco — que, de acordo com informações iniciais, é uma das mulheres que denunciaram Silvio Almeida.
— O significado da foto de Janja com Anielle é a clara demonstração de que as mulheres estão unidas — declarou o presidente.
Assédio moral e sexual
Na quinta-feira, a ONG Me Too Brasil afirmou ter recebido denúncias contra o ministro. Os nomes das vítimas não foram revelados.
Silvio Almeida negou as acusações e repudiou o que classificou como "ilações absurdas" e "denunciação caluniosa".
Quem é Silvio Almeida
Nascido em São Paulo, Silvio Almeida é professor universitário, advogado, jurista e filósofo. É formado em Direito e em Filosofia, mestre em Direito Político e Econômico e doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito. Segundo perfil divulgado pelo governo federal, atua há mais de 20 anos nas áreas do direito empresarial, do direito econômico e tributário e dos direitos humanos. Em janeiro de 2023, assumiu o cargo de ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania.