O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi entrevistado, nesta sexta-feira (16), no programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. Por cerca de 50 minutos, o presidente respondeu a perguntas das apresentadoras Andressa Xavier, Rosane de Oliveira e Giane Guerra sobre diversos temas, como reconstrução do Rio Grande do Sul, eleições na Venezuela e situação econômica do Brasil.
Veja as principais declarações do presidente durante a entrevista:
Casas para atingidos pela enchente
Lula comentou sobre a demora para entrega de casas a pessoas atingidas pela enchente no RS. Na quarta (14), Zero Hora mostrou que, mais de cem dias após a tragédia climática, nenhuma moradia prometida pelos governos federal e estadual foi entregue no Estado.
"Não se faz casa em uma semana, não é casa de papel (...) O prazo depende da agilidade das prefeituras, do governo estadual e do governo federal."
Emendas secretas do Congresso
Lula disse ser a favor das emendas parlamentares, mas defendeu transparência na destinação dos recursos. Ele aproveitou para criticar o antecessor, Jair Bolsonaro (PL), que, segundo o presidente, "não governou" e, assim, "o Congresso tomou conta".
"Sou plenamente favorável ao direito dos deputados de apresentar emendas, mas com transparência."
Adversários políticos
Na entrevista, Lula criticou o ex-presidente Bolsonaro, a quem chamou de "cidadão incivilizado" e disse ainda não querer a amizade do adversário. Lula declarou ainda que o Brasil "foi tomado pelo ódio".
"Até ontem, nossa disputa era com o PSDB, e eu sinto saudade do tempo em que meu adversário era o PSDB. Naquela época, a política era mais civilizada e respeitosa."
Venezuela e reeleição de Maduro
Lula comentou sobre a situação da Venezuela, onde a reeleição de Nicolás Maduro é alvo de contestações e denúncias de fraude. Na ocasião, negou que a Venezuela viva uma ditadura.
"A Venezuela vive um regime muito desagradável (...) É um governo com viés autoritário, mas não se enquadra exatamente na definição de ditadura."
Críticas a Eduardo Leite
Ao destacar as ações realizadas pelo governo federal no Estado, Lula afirmou que fez mais pelo Estado do que o ex-presidente Getúlio Vargas. Ele também respondeu às críticas do governador Eduardo Leite.
"Desde a minha primeira visita, eu disse que o RS já contribuiu muito para o Brasil, e agora é hora de o Brasil retribuir (...) Às vezes, fico incomodado porque o governador nunca parece satisfeito. Um dia, ele deveria me agradecer."
Promessa de campanha
Lula falou sobre a situação econômica do país no atual governo. Entre outros pontos, ressaltou a promessa de campanha sobre "picanha e cervejinha".
"Eu dizia na campanha que o povo brasileiro voltaria a comer picanha e a tomar uma cervejinha, e isso está acontecendo."
Futuro do Ministério da Reconstrução
O presidente demonstrou o governo não fará esforço para manter o Ministério da Reconstrução. O órgão, comandado pelo ministro Paulo Pimenta, foi criado em maio por meio de medida provisória (MP), que precisaria ser votada em até 120 dias para não perder a validade.
"Se vencer a MP e não for votada, paciência. Não vou brigar."