O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), foi o entrevistado do programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (20). Na pauta, os planos do Estado para reconstruir o RS e o que poderia ter sido feito antes da tragédia. A edição especial do programa foi transmitida do complexo cultural do Theatro São Pedro, no Centro Histórico de Porto Alegre.
Logo no início do programa, Leite foi questionado se o governo não poderia ter previsto esta tragédia, tendo em vista a recente catástrofe no Vale do Taquari em setembro, e ter feito um plano para lidar melhor com as novas cheias. Leite disse que o Estado buscou aprender com aquela crise, utilizando como exemplo a aquisição de um radar meteorológico, que será instalado no Morro São João, em Montenegro.
— Ninguém, mesmo nas previsões mais dramáticas que vieram nos dias anteriores (das enchentes), diziam que choveria o que choveu naquele período. Foi muito maior do que tínhamos experienciado no passado — disse Leite
O repórter Fábio Schaffner, de Zero Hora, questionou Leite se a união das secretarias do Meio Ambiente com a da Infraestrutura em uma só pasta, promovida durante a sua gestão, poderia ter contribuído para o afrouxamento das normas ambientais do Estado, e por consequência, ter interferido nos impactos das cheias. Segundo Leite, esse fato não causou prejuízos ao rigor das regras ambientais do RS.
— A secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura cuida também dos temas de saneamento e energia. Eu tenho a absoluta clareza de que saneamento e energia são temas ambientais, embora ligados à infraestrutura. É a partir da geração da energia renovável que a gente consegue ter melhor condição de preservação do meio ambiente — exemplifica Leite.
Ao longo do programa o governador também foi questionado se haveria algum tipo de mal-estar entre o governo estadual e federal em razão da nomeação do ministro Paulo Pimenta para a Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul. Leite afirmou que não é o momento de politizar a tragédia e que todo o apoio é bem-vindo.
— Todo o apoio é importante: o do voluntário, da doação, da iniciativa privada que se mobiliza, o do ministro nomeado pelo presidente para o Estado. Eu não vou fazer briga política, eu não vou fazer disputa política, porque a gente precisa superar esse momento de polarização e de brigas que o Estado, que o Brasil vive, especialmente em um momento de dor e de tanta gente dependendo da gente — afirmou.
Segundo Leite, Pimenta é uma espécie de embaixador do RS em Brasília, podendo levar as demandas do Estado para nível federal. Leite ainda disse que espera apoio de Pimenta para levar adiante a proposta de extinção da dívida do Estado com a União.
O governador disse que acredita que o RS vai se tornar um "case" para que o Brasil consiga repensar as mudanças climáticas e a reconstrução das cidades que eventualmente são afetadas com essas catástrofes.
— O RS vai ser um case para o Brasil de reconstrução, de resiliência. Essa reconstrução tem que ser diferente, que olhe justamente para o futuro e para a adaptação climática. É um alerta para o Brasil também. O que aconteceu no RS poderia e poderá acontecer em outros lugares — destacou Leite.
A comunicadora Kelly Matos, da Rádio Gaúcha, perguntou ao governador sobre o que disse recentemente, que "estudos alertaram, mas o governo também vive outras agendas". De acordo com Leite, o Estado precisa atuar em diferentes frentes, não apenas a ambiental diretamente, para dar uma resposta às diversas demandas que se entrelaçam em um momento como este.
— Temos uma série de pautas que o governo deve lidar. O do meio ambiente, sem dúvidas. Mas é importante lembrar do contexto que o governo do RS atua. Graças a todas as agendas do governo, hoje a gente tem um efetivo de bombeiros maior do que nós tínhamos, que salvou vidas. Conseguimos comprar um helicóptero para o Corpo de Bombeiros, que não tinha até então e que salvou vidas agora. Nós conseguimos comprar novas embarcações, novos jet-skis. As tantas pautas que este governo se debruça deram uma condição melhor de resposta (neste momento) — defendeu Leite.
Também entrevistaram o governador a repórter da TV Cultura Laís Duarte, a jornalista e bióloga Jaqueline Sordi, e Samantha Klein, repórter da Rádio CBN. O cartunista Luciano Veronezi fez os desenhos do estúdio da emissora, em São Paulo, em tempo real. A apresentação foi de Vera Magalhães.