Com o desafio de preparar o partido para as eleições de outubro, o MDB elegeu o novo presidente do diretório estadual, Vilmar Zanchin, neste sábado (23). Deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Zanchin ficará à frente da legenda até março de 2026.
Dos 742 delegados aptos a votar, 397 compareceram. Candidato único, Zanchin foi eleito com 390 votos, ante dois brancos e cinco votos contrários.
Diante de um auditório lotado, na sede da Associação dos Auditores Fiscais de Porto Alegre, parlamentares e expoentes do MDB se revezaram na tribuna sobre os rumos do partido. Em vários discursos, ficou latente a divisão interna, com dirigentes ora defendo uma oposição maior ao PT, com alinhamento ao bolsonarismo, ora pregando defesa do centro político e da aliança com o PSDB no governo do Estado.
Recém-empossado e tentando distensionar o ambiente, Zanchin pregou equilíbrio e unidade.
— Essas posições antagônicas fazem parte da democracia. Vou trabalhar para conduzir o partido buscando unidade e preparando para os desafios deste ano e de 2026 — disse Zanchin.
Pouco antes, o deputado federal Alceu Moreira havia resgatado a convenção de 2022, quando pela primeira vez o MDB abriu mão de ter candidato ao governo do Estado, indicando Gabriel Souza para ser vice de Eduardo Leite (PSDB).
— Como que tu vai para uma convenção de um partido do tamanho do MDB pedindo voto para ser vice? Hoje o partido tem controle palaciano — reclamou Alceu, que em 2022, queria concorrer a governador.
A resposta a Moreira partiu do secretário de Transportes, Juvir Costella. Em um discurso inflamado, Costella disse que o partido tem três pastas na administração estadual e precisa evitar ressentimentos.
— Nós somos governo! Parem com essa lorota. Vamos selar essa ferida. Fizemos convenção, tudo passou. Vamos olhar pra frente — convocou Costella.
A nova direção esperará o fim da janela partidária, em 5 de abril, para estabelecer um plano de ação para as eleições de outubro. O objetivo inicial é manter as 138 prefeituras que detém atualmente, bem como os 1.156 vereadores.
Entre as prioridades, está a manutenção da prefeitura de Porto Alegre, com Sebastião Melo. Em meio à crise provocada pelo racha no PL, que resultou na decisão do vice-prefeito Ricardo Gomes de não concorrer à reeleição, Melo disse que vai deflagrar uma disputa pela vaga de vice e irá aguardar os partidos aliados.
— Uma aliança dá certo quando respeita o tempo de cada partido. Vou esperar a janela partidária, que será o primeiro filtro — comentou Melo.
Pouco antes, em discurso na tribuna, o prefeito havia feito um aceno ao bolsonarismo ao afirmar que "pior que a ditadura de um general é a ditadura do judiciário", num referência ao julgamento dos atos golpistas no Supremo Tribunal Federal.
A resposta a Melo veio no pronunciamento de Gabriel Souza. Com referências indiretas à crise com o PL e ao fato de o prefeito da Capital ter feito campanha para Onyx Lorenzoni (PL) em 2022, em detrimento da aliança MDB-PSDB, o vice-governador disse ser preciso confiar primeiro nos colegas de partido. Em seguida, afiançou apoio incondicional à reeleição de Melo.
Numa tentativa de apaziguar os ânimos, Zanchin encerrou a convenção pedindo união:
— Conclamo todos a um pacto em favor do MDB.