Mais uma peça se encaixa no quebra-cabeça da sucessão em Porto Alegre e explica os últimos movimentos no PL: a vereadora Nádia Gerhard, que usa o codinome de Comandante Nádia, aproveitou a janela partidária e deixou o Progressistas (PP). Bolsonarista convicta, Nádia vai para o PL com o objetivo declarado de ser candidata a vereadora, mas pode se tornar opção para a chapa majoritária, concorrendo a prefeita ou a vice.
Quando assumiu a presidência do PL no município, o deputado federal Luciano Zucco reafirmou a diretriz do partido de ter candidato a prefeito nas principais cidades brasileiras. Como no elenco do PL não havia nenhum nome competitivo além do próprio Zucco, e o deputado garante que não será candidato neste ano, restava a opção de conquistar uma pessoa identificada com Bolsonaro.
Zucco disse à coluna que o objetivo de Nádia é concorrer a vereadora e reforçar a bancada na Câmara, que passou de dois para quatro nesta janela:
— Estou muito feliz com a vinda da Nádia, que ela vinculou à minha liderança. Disse que se identifica comigo e com o deputado Sanderson.
Bolsonaro quer ter palanques nas capitais e busca pessoas com o perfil de Nádia, capazes de fazer campanha enrolada na bandeira do Brasil, defender o "legado" dele e adotar as pautas mais conservadoras da direita. Apesar da saída do vice-prefeito Ricardo Gomes do PL e do páreo como candidato a vice, Zucco não descarta a manutenção do apoio a Melo e diz que isso será discutido mais à frente. Ele segue tentando atrair "nomes de peso" para o PL e diz que está negociando com gente grandona".
— Comandante Nádia foi nossa candidata ao Senado, representou muito bem as nossas pautas. Recebemos com um pouco de surpresa a saída dela, aqui ela tinha uma ótima convivência. Ela seria provavelmente o nome mais votado (para vereadora) e tinha caminhada muito segura para ser deputada estadual em 2026. Desejamos a ela muito sucesso — disse o presidente municipal do PP, Vitor Alcântara, ao saber da novidade.
Com a saída de Nádia, dias depois de Cassiá Carpes anunciar a migração para o Cidadania, o PP ficará com apenas uma cadeira na Câmara, a ocupada pela vereadora Mônica Leal.
Nádia concorreu a deputada estadual pelo MDB em 2018 e ficou na suplência. Migrou para o DEM e, assim, acabou perdendo a vaga quando ela foi aberta. Passou para o PP quando o DEM se fundiu com o PSL, dando origem ao União Brasil. Nessa condição, concorreu ao Senado em 2022, mas abriu mão da candidatura às vésperas da eleição para apoiar o general Hamilton Mourão (Republicanos).