Após ver sua popularidade cair em uma série de pesquisas de opinião, o presidente Lula convocou toda a equipe ministerial para uma reunião na manhã desta segunda-feira (18). O petista acredita que o bom momento da economia já deveria ter rendido louros ao governo. Além de cobrar visibilidade para entregas de cada pasta, Lula vai exigir resultados para temas que considera prioritários, como reduzir o preço dos alimentos, facilitar o acesso a crédito e agilizar obras.
Diante do crescimento de 2,9% do PIB em 2023, sequência de queda no desemprego e aumento da renda média, Lula não esperava a rejeição média de 45% mostrada nas pesquisas — o pior momento desde a posse. Auxiliares do presidente admitem que a tolerância da população com o primeiro ano de governo costuma ser maior, o que aumenta a preocupação para a sequência do mandato.
No ano passado, Lula fez 15 viagens internacionais, passando por 24 países. Passou mais tempo fora do Brasil do que em viagens regionais. O presidente admitiu o excesso de agendas no Exterior, mas justificou que era necessário restabelecer laços rompidos por seu antecessor. A promessa é dedicar este ano a roteiros internos, com entregas de obras e fortalecimento de laços políticos. A viagem ao Rio Grande do Sul na última sexta-feira (15) foi o início de um roteiro que promete se intensificar nos próximos dias.
Além de colocar seu carimbo em obras e políticas públicas, Lula irá reforçar junto à equipe ministerial o anseio em ver canteiros de obras em todos os cantos. Em função de todo o processo burocrático que antecede os contratos públicos, a expectativa do Planalto é que em 2024 a população enxergue o avanço de construções e reformas em rodovias, edificação de casas populares, além de melhorias em escolas e unidades de saúde, por exemplo.
Lula também quer providências sobre o avanço da inflação dos alimentos. O alerta veio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, que fechou em 0,83%, bem acima das projeções. Em um encontro prévio sobre o tema, na semana passada, o presidente ouviu dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) que os consumidores irão sentir nas próximas semanas uma queda em itens básicos da alimentação, como arroz, feijão e derivados do trigo. O preço na produção já caiu, segundo os ministros, e a tendência é de que os supermercados repassem a diferença.
A cobrança por resultados da equipe ministerial é legítima, e Lula precisa, de fato, olhar para os problemas internos. O resultado ruim nas pesquisas de opinião veio após uma série de declarações infelizes do petista envolvendo questões externas, como a guerra entre o governo de Israel e o Hamas e as eleições na Venezuela. Se dedicar o seu tempo a resolver os temas que preocupam e afetam a vida dos brasileiros diariamente, Lula só tem a ganhar.