O hacker Walter Delgatti foi ouvido por quase quatro horas pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (16), em Brasília, sobre a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O advogado Ariovaldo Moreira, que representa o hacker e acompanhou o depoimento, diz que ele apresentou aos investigadores provas de ter recebido cerca de R$ 40 mil da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para invadir "qualquer sistema do Judiciário". A defesa não detalhou quais seriam essas provas.
O pagamento teria sido fracionado, R$ 14 mil em depósitos bancários e o restante em espécie, segundo o advogado. A defesa acrescentou ainda que o depoimento foi um "complemento" a informações que Delgatti já havia prestado no mês passado em São Paulo.
O hacker confessou, em julho, que invadiu os sistemas do CNJ, quando foi preso preventivamente na Operação 3FA, e implicou a deputada e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi emitido. O ataque aconteceu em janeiro. "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L", dizia o documento.
Em depoimento nesta quarta, Delgatti voltou a dizer que a invasão ao CNJ foi negociada com Carla Zambelli. A deputada, por sua vez, afirma que contratou o hacker para fazer a manutenção do seu site. Ela seria ouvida pela PF no início do mês, mas o depoimento foi adiado a pedido da defesa.
O hacker também alega que se encontrou pessoalmente com Bolsonaro no Palácio do Alvorada, em agosto de 2022, e que o ex-presidente questionou se ele poderia invadir as urnas.
Delgatti deve ser ouvido nesta quinta-feira (17) na CPI do 8 de Janeiro. Nesta quarta, a defesa pediu salvo-conduto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele possa ficar em silêncio. Os advogados afirmam que o hacker pode ser prejudicado se for obrigado a prestar informações.