O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou no final da noite de segunda-feira (12) que seu "combustível pessoal está terminando com uma base que não se sente base". Em entrevista à GloboNews, ele disse ainda que o desenho da Esplanada dos Ministérios, feito ainda na transição, não teve o rendimento esperado pelo governo.
— Cada governo escolhe como fazer a composição da sua base. O presidente Lula optou por fazer um desenho da sua Esplanada dos Ministérios, e esse desenho não teve o rendimento esperado por parte do governo — declarou.
Lira afirmou que o governo deve "se preparar para conviver com quem pensa diferente e dialogar com quem pensa diferente". Declarou, também, que não fará nenhum tipo de votação que inquiete o país.
— Não há uma linha, um senão, que a Câmara tenha imposto ao governo em matérias essenciais ao Estado — afirmou.
Lira ressaltou que a Casa não foi obstáculo para nenhuma votação do Executivo e deu como exemplos as aprovações do arcabouço fiscal e da Medida Provisória (MP) dos Ministérios.
— Eu tenho que olhar para todos os partidos na Câmara. Não estou formando base para mim, não há interesse velado meu a não ser fazer um bom papel para o país — disse.
Reforma tributária
Lira reconheceu ainda que não pode se comprometer com a aprovação da reforma tributária, mas que o Regimento Interno da Câmara permite que a votação vá diretamente para o plenário, sem passar por comissões.
— Não posso me comprometer com resultado de aprovação de matéria como essa, que está aí há 60 anos — disse.
O presidente da Câmara afirmou que terá uma reunião sobre a reforma na quarta-feira (14), com o relator da proposta na Casa, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), e o secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, além de líderes partidários, para discutir os prazos de entrega de um "texto pormenorizado".
— Nosso compromisso é tratar com muita firmeza em junho e na primeira semana de julho, e trabalhar para alcançar quórum — disse.
Segundo Lira, a reforma tributária já cumpriu todos os prazos regimentais e, por isso, pode ser levada diretamente para o plenário.
Haddad na Casa Civil?
Arthur Lira confirmou que perguntou ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, se haveria a possibilidade de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ir para a Casa Civil no lugar do ministro Rui Costa, e o secretário-executivo da pasta, Gabriel Galípolo, ser o ministro da Fazenda. Lira admitiu que teve a conversa com Lula há uma semana, mas que o presidente rejeitou a ideia.
— A partir daí, conversa sobre ministério cessou — contou Lira.