O deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (5) sobre as críticas feitas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele foi ouvido como investigado.
A audiência por videoconferência durou cerca de uma hora e meia. O depoimento estava marcado na semana passada, mas foi adiado a pedido da defesa. O advogado argumentou que não sabia da investigação e pediu tempo para se inteirar do caso.
"Todas as perguntas feitas pela Polícia Federal foram respondidas por Deltan", informou a assessoria do deputado ao final do depoimento.
O TSE cassou o ex-procurador da Lava-Jato, em um julgamento unânime, no mês passado. Dallagnol já recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar manter o mandato. As chances de vitória, contudo, são remotas.
Enquanto aguarda um desfecho sobre o seu futuro político, o deputado não poupa críticas ao TSE. Ele afirmou, por exemplo, que o ministro Benedito Gonçalves, corregedor da Justiça Eleitoral, que liderou o julgamento, teria trocado a decisão pela possibilidade de uma vaga no STF.
— O ministro condutor do voto trouxe um voto que objetiva entregar a minha cabeça em troca da perspectiva de fortalecer a sua candidatura ao Supremo — disse Dallagnol em entrevista à Folha de S.Paulo.
O ex-procurador da Lava-Jato afirma que a entrevista foi concedida na condição de deputado e está protegida pela imunidade parlamentar.
A defesa voltou a pedir, na tarde desta segunda, que o sigilo do caso seja levantado. O relator do inquérito no STF é o ministro Alexandre de Moraes.
Dallagnol foi o deputado mais votado pelo Paraná. Atos em defesa do ex-procurador foram organizados em Curitiba e em São Paulo. Apoiadores do ex-chefe da Lava-Jato também têm criticado o Tribunal Superior Eleitoral. Cartazes erguidos nos protestos afirmam que as vozes de seus eleitores foram caladas e que "perseguição política não é justiça".