Está previsto para a próxima terça-feira (4), o depoimento do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga os ataques golpistas ocorridos em 8 de janeiro. Na última segunda-feira (26), a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que Mauro Cid possa ser acompanhado por advogados e tem o direito de ficar em silêncio para não responder perguntas que o incriminem. A mesma decisão se aplicou ao coronel Jean Lawand Júnior, que prestou depoimento na última terça-feira (27).
De acordo com a Polícia Federal (PF), a perícia no telefone celular de Mauro Cid mostrou trocas de mensagens entre ele e Lawand tratando de um golpe de Estado, o que foi negado por Lawand.
O depoimento é fruto da aprovação de vários requerimentos de convocação, de autoria dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (PT-ES), Rogério Carvalho (PT-SE), Ana Paula Lobato (PSB-MA), Eliziane Gama (PSD-MA), relatora do colegiado, e do senador licenciado Marcos do Val (ES). Há também requerimentos dos seguintes deputados: Rafael Brito (MDB-AL), Rogério Correia (PT-MG), Rubens Pereira Júnior (PT-MA), Erika Hilton (PSOL-SP), Henrique Vieira (PSOL-RJ), Duarte Jr. (PSB-MA), Duda Salabert (PDT-MG) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
De acordo com o senador Rogério, há indícios de que Mauro Cid tramou um golpe de Estado.
— Mauro Cid teve conversas com outro auxiliar do ex-presidente, Ailton Barros, nas quais houve trama para abolir o Estado Democrático de Direito no Brasil. Na conversa, Ailton afirma que o golpe precisaria da participação do comandante do Exército ou de Jair Bolsonaro, e que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes deveria ser preso — afirma o senador.
Para o senador Contarato, as mensagens do celular mostram que Mauro Cid pode ter envolvimento “com a conspiração que levou aos atos de violência do dia 8 de janeiro de 2023”.
Na avaliação do senador Randolfe, há suspeitas “sobre possíveis articulações do senhor Mauro Cid nos ataques aos prédios do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e da Presidência da República, justificando a necessidade de seu depoimento para esclarecer seu papel e fornecer informações relevantes aos trabalhos da CPMI”.