A reportagem que a revista Veja começou a divulgar na quinta-feira (15) e segue apresentando novos capítulos nesta sexta (16), em sua versão digital, é reveladora do quanto os bolsonaristas foram longe com a preparação de um golpe de Estado que só não se concretizou porque as Forças Armadas não embarcaram na aventura. Havia militares dispostos a rasgar a Constituição para manter Jair Bolsonaro no poder, mas os patriotas de verdade falaram mais alto e salvaram o Brasil de se transformar em república de bananas.
As informações que embasam a reportagem saíram do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e "faz-tudo" do casal Jair e Michelle Bolsonaro. Cid tinha na palma da mão os rascunhos do que seriam os decretos para impedir que o resultado da eleição, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, fosse respeitado.
O grupo que nas Forças Armadas se manteve fiel a Bolsonaro até o fim pode ser chamado de exército de Brancaleone. Nessa fracassada tentativa de golpe estão incluídos movimentos abertos, como as manifestações de Bolsonaro e do general Braga Netto aos torcedores que se aglomeravam no cercadinho do Palácio do Alvorada depois do final de outubro, os acampamentos nos quartéis, a queima de carros com invasão do prédio da Polícia Federal no dia da diplomação de Lula, a tentativa de explodir uma bomba no Aeroporto de Brasília e o que seria o gran finale, os atos violentos de 8 de janeiro, com a depredação do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso.
No telefone de Mauro Cid a Polícia Federal encontrou documento semelhante à minuta do golpe que havia sido recolhida, em papel, na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Não era coincidência: os dois seguiam ordens de Bolsonaro.
Mina de ouro
O telefone da esposa de Mauro Cid, Gabriela, aquela que falsificou o comprovante de vacinação para poder viajar ao Exterior, é outra mina de ouro em matéria de provas sobre as manobras golpistas que vicejavam no coração do poder.