O primeiro erro da CPI do 8 de Janeiro, neste início de funcionamento, foi ter rejeitado a convocação do general Gonçalves Dias, que era o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula naquele domingo de invasão às sedes dos três poderes. O general G. Dias foi exonerado três meses depois, quando a CNN mostrou imagens dele perambulando feito barata tonta no Palácio do Planalto, enquanto os vândalos promoviam o quebra-quebra.
Nas imagens, inicialmente colocadas sob sigilo pelo GSI, o general aparece vagueando pelo palácio e interagindo com militares. Em outro trecho dos vídeos, um membro do GSI, o capitão do Exército José Eduardo Pereira, chega a oferecer água para os invasores. Pereira era subordinado a G. Dias.
O general falhou na sua tarefa de segurança institucional e até hoje não deu explicações satisfatórias. Se vier a ser convocado, talvez continue dando desculpas esfarrapadas, porque as CPIs têm poder para quebrar sigilos, mas não para arrancar a verdade dos depoentes — e isso não é de hoje.
Ao rejeitar a convocação de G. Dias a CPI errou, porque deu munição aos opositores do governo de que há algo a esconder. Esse tipo de atitude alimenta as fantasias dos que responsabilizam o governo Lula pela depredação promovida por aqueles que queriam derrubá-lo.
Já está provado que a segurança falhou no dia 8 de janeiro. Falhou a do Planalto e, principalmente, a do governo do Distrito Federal, a quem cabia evitar que a marcha dos homens e mulheres vindos de diferentes pontos do Brasil se aproximassem da Praça dos Três Poderes. Sem polícia nas ruas para barrar a horda que se deslocava em direção ao coração do poder, ficou fácil derrubar gradis, quebrar portas e janelas, e vandalizar o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
As imagens em foto e vídeo são incontestáveis quanto à responsabilidade de quem depredou e agora terá de responder a processo. Porque não contentes em quebrar objetos, os vândalos (incluindo senhoras e senhores em idade avançada) fizeram questão de se exibir nas redes sociais.
O general G.Dias e outros integrantes do governo podem ter subestimado o tamanho do movimento, mas não obrigaram ninguém a fazer vídeos e postar suas façanhas nas redes sociais.