Em uma viagem sem alarde ao Exterior, o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, visitou no último final de semana Rússia e França. O ex-chanceler e conselheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta credenciar o Brasil como possível mediador do conflito entre russos e ucranianos.
No dia 9 de março, Amorim já tinha feito outra viagem sem divulgação: liderou a delegação brasileira em visita à Venezuela sem antes noticiar a ida ao país. Na ocasião, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, classificou como "grato encontro" a reunião com o assessor especial de Lula e disse que os dois países estão "comprometidos com a renovação de acordos de união e solidariedade que garantem o crescimento e o bem estar".
A viagem de Amorim a Moscou ocorre num contexto de aproximação entre a Rússia e China, que será o próximo destino internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 10.
Em março, Putin recebeu o presidente chinês, Xi Jinping. Os dois líderes assinaram uma série de acordos bilaterais nas áreas militar e energética em resposta às sanções impostas pelo ocidente aos russos pelas incursões no território ucraniano.
Lula tem vendido a ideia de que pode patrocinar um diálogo entre Rússia e Ucrânia apesar das cobranças de não atacar diretamente a invasão determinada por Putin. O tema deve ser discutido por Lula com Xi Jinping em Pequim.
As lideranças chinesas apresentaram no início deste ano uma proposta de cessar-fogo e construção gradual da paz entre os dois países beligerantes, mas o documento foi recebido com desconfiança pelas potências ocidentais por sugerir a paralisação das hostilidades no atual estágio da guerra em que parte significativa do leste ucraniano está sob domínio de tropas russas.
Na passagem por Paris, capital da França, Amorim também discutiu com assessores do presidente Emmanuel Macron o interesse do Brasil de atuar como mediador do tratado de cessar-fogo entre a Rússia e Ucrânia.