O Palácio do Planalto busca emplacar o presidente e o relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que deve ser instalada na próxima semana para investigar os ataques às sedes dos três poderes, no dia 8 de janeiro, por golpistas que pediam intervenção militar no país.
Conforme o jornal Estado de S. Paulo, pela composição dos blocos partidários, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva podem ocupar a maioria das cadeiras da CPMI. Dos 32 integrantes (16 deputados e 16 senadores), governistas calculam conseguir indicar 20 nomes.
A base de Lula, que num primeiro momento era contrária à CPMI, decidiu aderir à criação do grupo depois de imagens da invasão ao Planalto sugerirem a omissão de agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e resultarem na queda do general Gonçalves Dias do comando do órgão.
O governo quer que o deputado André Janones (Avante-MG), conhecido pelo método de “guerrilha” nas redes sociais, tenha assento na CPMI.
O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) disse na quinta-feira que a divulgação das novas imagens sobre o 8 de janeiro e a consequente demissão do general Gonçalves Dias do GSI levaram Lula a orientar os líderes no Congresso a apoiar a CPI.
Nas palavras de Padilha, o objetivo é investigar os ataques e barrar a propagação de falsas teses sobre os atos golpistas.
Abertura
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco disse que vai ler, na próxima quarta-feira (26), o requerimento de instalação da CPMI.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, pretende encaixar o líder do PP na Câmara, André Fufuca (PP-MA), como relator do colegiado. Mas o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro brigará para que a relatoria fique com o deputado André Fernandes (PL-CE), autor do requerimento que pede a abertura da comissão. Ele é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ter participado dos atos de 8 de janeiro.
— Tenho certeza de que os bolsonaristas vão se arrepender, porque não tem como fazer uma CPI como essa e não chegar nos financiadores do golpe — afirmou o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), vice-líder do governo no Congresso.