O repórter cinematográfico Jocemar Silva, da emissora RDC TV, foi agredido nesta terça-feira (3) ao gravar imagens dos manifestantes bolsonaristas que continuam ao lado do Comando Militar do Sul, na Avenida Padre Tomé, Centro Histórico de Porto Alegre.
Um vídeo publicado em rede social pela emissora mostra um homem de camiseta e boné pretos desferindo um soco no profissional, que está sentado na traseira do veículo da equipe de reportagem.
"Nossa reportagem registrava o momento em que as vias ao lado do Comando Militar do Sul eram desobstruídas, quando um grupo de manifestantes, contrários ao resultado das eleições se aproximou, questionando se possuíam autorização para gravar imagens", diz a RDC na postagem.
Nos segundos iniciais da gravação, o agressor e outros dois manifestantes discutem com o cinegrafista. Após o golpe, o homem se afasta e os outros envolvidos no diálogo seguem falando com o agredido. Uma mulher com camiseta da Seleção Brasileira reclama de que teriam sido realizadas imagens dos manifestantes reunidos na rua.
"Sem precisar de qualquer tipo de liberação para realizar o trabalho jornalístico em via pública, nossos repórteres ainda tentaram argumentar, mas um dos manifestantes não aceitou os argumentos e agrediu o repórter cinematográfico Jocemar Silva", relata a emissora.
A Brigada Militar foi acionada e prestou atendimento à equipe com duas viaturas do 9º Batalhão de Polícia Militar. Segundo a emissora, as imagens foram entregues para a 1ª Delegacia de Polícia Civil da Capital.
“A tentativa de cerceamento ao trabalho da imprensa é, em si, um atentado contra a democracia. Assim como já aconteceu há poucos meses, a emissora reafirma seu compromisso com o jornalismo e jamais cederá a qualquer tipo de coação”, repudiou a emissora, no Twitter.
Reconhecido nas imagens, o vereador de Nova Santa Rita, na Região Metropolitana, Eliel Alves (PRTB) admitiu ser o agressor. Ao G1, disse que acabou perdendo a razão na situação, se arrepende e pede desculpas à vítima:
— Não tenho conduta violenta, apesar do acontecido. Não vou negar que fui eu, pois não sou esse tipo de pessoa. O que aconteceu ali foram os ânimos aflorados. Houve uma discussão antes, eu acabei perdendo a razão e acabei agredindo ele com um tapa, não foi um soco, mas não importa, foi uma agressão e me arrependo muito. (...) Como já aconteceu, o máximo que posso fazer é pedir desculpas para o rapaz. (...) Não justifica o que fiz, reconheço que errei e quero me retratar.
No final de semana, o acampamento bolsonarista montado há quase dois meses na região foi desmontado, mas um grupo de pessoas ainda permanece na região.