Após visitar a terra indígena Yanomami, em Roraima, no sábado (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o que chamou de "descaso" e "abandono" do governo anterior em relação à área e disse que viu no local um "genocídio".
"Mais que uma crise humanitária, o que vi em Roraima foi um genocídio. Um crime premeditado contra os Yanomami, cometido por um governo insensível ao sofrimento do povo brasileiro", publicou o presidente no Twitter, na manhã deste domingo.
Na noite de sexta-feira, o Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública nas terras do povo Yanomami, devido aos relatos de desnutrição e de mortes de crianças. Lula visitou o local acompanhado de ministros, incluindo a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
A situação da saúde dos indígenas é deplorável, segundo a descrição dada pelo presidente: "Adultos com peso de crianças, crianças morrendo por desnutrição, malária, diarreia e outras doenças. Os poucos dados disponíveis apontam que ao menos 570 crianças menores de 5 anos perderam a vida no território Yanomami nos últimos 4 anos, com doenças que poderiam ser evitadas."
"Além do descaso e do abandono por parte do governo anterior, a principal causa do genocídio é a invasão de 20 mil garimpeiros ilegais, cuja presença foi incentivada pelo ex-presidente. Os garimpeiros envenenam os rios com mercúrio, causando destruição e morte", acrescentou Lula.
O presidente voltou a prometer que seu governo dará fim ao garimpo ilegal e disse que estruturas permanentes de saúde serão instaladas na terra indígena. "Vamos aumentar o número de voos e melhorar pistas de pouso nas comunidades, para que aviões de grande porte consigam pousar. E quero mudar a lógica atual: em vez das pessoas saírem de suas comunidades para buscar tratamento em Boa Vista, vamos levar equipes médicas permanentes", disse, ainda pelo Twitter.
Lula ainda lembrou que os povos indígenas são os "donos" originais do Brasil e já estavam aqui quando a região foi ocupada por europeus, a partir de 1500. "A humanidade têm uma dívida histórica com os povos indígenas, que preservam o meio ambiente e ajudam a conter os efeitos das mudanças climáticas. Essa dívida será paga, em nome da sobrevivência do planeta", afirmou o presidente brasileiro.