O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciaram neste sábado (21) ações para ampliar a força-tarefa montada na última segunda-feira (16) para atender a população da Terra Indígena Yanomami. Lula e ministros fizeram visita a Boa Vista, em Roraima, para acompanhar o trabalho emergencial de atendimento a crianças e adultos acometidos por severa desnutrição e casos de doenças na área indígena.
O mandatário também garantiu que serão lançadas medidas para levar de volta para as aldeias pessoas que estão em atendimento em Boa Vista. As longas distâncias e a precariedade nos transportes deverá estar no plano de ação do governo federal para enfrentar a crise na saúde dos indígenas.
A comitiva presidencial visitou a Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami, localizada na zona rural de Boa Vista. Após verificar a situação, Lula afirmou que a condição dos indígenas é "desumana".
Nísia disse que mais profissionais de saúde serão enviados a Boa Vista, assim como há pretensão de reestruturar a Casa de Apoio do Indígena Yanomami (Casai), referência no atendimento à saúde dos povos indígenas locais.
— A partir de segunda-feira (23), a Força Nacional do SUS (Sistema Único de Saúde) virá com mais médicos e enfermeiros para realizar os atendimentos de emergência, mas sabemos que temos de melhorar a saúde onde os povos indígenas moram, nas suas comunidades. Essa será a nossa linha de atuação — assegurou a ministra, admitindo que esta meta é de longo prazo.
Na noite de sexta (20), o Ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública para enfrentar a falta de assistência sanitária das populações no território Yanomami. De acordo com Nísia Trindade, o decreto de emergência sanitária de importância nacional é semelhante à decretação de estado de emergência para os casos de epidemia. Ela ressaltou que isso "significa que teremos mais condições para agir rapidamente frente a situação".
Também foi criado o Comitê de Coordenação Nacional, que tem objetivo de discutir e adotar medidas em articulação entre os poderes para prestar atendimento a essa população. O plano de ação deve ser apresentado no prazo de 45 dias.
Na visita a Roraima, o presidente Lula ainda destacou que serão implementadas medidas para combater o garimpo ilegal na reserva que abriga cerca de 30 mil indígenas.
— Vamos levar muito a sério esta história de acabar com qualquer garimpo ilegal. E mesmo que seja uma terra que tenha autorização da Agência (Nacional de Mineração - ANM) para fazer pesquisa porque podem pesquisar sem destruir a água e a terra para sobreviver — disse.
As ministras Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas, e Nísia Trindade ainda destacaram que a situação de risco aos povos Yanomamis piorou nos últimos quatro anos.
— Precisamos responsabilizar a gestão anterior por haver adultos com peso de criança, em pele e osso — ressaltou Guajajara.
Na sexta, a pasta comandada por ela emitiu nota com dados obtidos junto ao Ministério da Saúde. O informe destaca a morte de quase uma centena de crianças por desnutrição e doenças no ano passado na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, que é a maior do país em extensão territorial e sofre com a invasão de garimpeiros nos últimos anos.
Horas após a visita deste sábado, o Ministério da Saúde atualizou que serão enviadas 4 mil cestas básicas para a região e o Hospital de Campanha da Aeronáutica, no Rio de Janeiro, começará a ser transferido para Boa Vista. A expectativa é que ele seja montado no dia 27 de janeiro.