"Blefe puro." É assim que ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) consideraram as ameaças feitas pelo ministro Augusto Nardes em mensagem de áudio enviada por WhatsApp a representantes do agronegócio.
No Tribunal de Contas a avaliação entre ministros ouvidos pela reportagem é de que Nardes terá de se explicar a Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito das fake news e dos atos antidemocráticas no Supremo Tribunal Federal (STF), além de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Colegas chegaram a usar palavras de baixa calão a se referir ao áudio de Nardes.
No áudio, o ministro afirma que conversou com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e alimenta teorias de que os militares estariam preparando um golpe para impedir a posse do petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ministro alerta que "em questão de horas, dias, no máximo, uma semana, duas, talvez menos do que isso (haverá) um desenlace bastante forte na nação, imprevisíveis, imprevisíveis". Afirma, ainda, que tem "muitas informações" e cita um "movimento forte nas casernas".
Nardes é apoiador de Bolsonaro e nos quatro anos de governo teve acesso livre ao presidente.
Desde a derrota nas urnas, bolsonaristas têm compartilhado mensagens, algumas cifradas, de estímulo para que manifestantes sigam nas portas de quartéis defendendo um golpe de Estado. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, insinuou que algumas urnas estariam com problemas, o que justificaria um pedido de providências ao TSE.
Ao contrário do que diz o presidente do partido de Bolsonaro, o próprio TCU e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) atestaram a segurança das urnas eletrônicas e a veracidade do resultado das eleições presidenciais.
O Alto Comando do Exército acatou o resultado das urnas. O ministério da Defesa, contudo, loteado por bolsonaristas, também atua para manter a esperança dos manifestantes. Em uma publicação no Twitter, o deputado federal Paulo Teixeira (PT) afirmou que protocolará um pedido de convocação para que o ministro Augusto Nardes explique suas declarações, que se enquadrariam em "conspiração golpista".
Na manhã desta segunda-feira (21), Nardes emitiu uma nota afirmando que repudia "manifestações de natureza antidemocrática e golpistas".