Retornando do Egito após participar da COP 27, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez uma escala em Portugal nesta sexta-feira (17). Acompanhado pelo ex-ministro Fernando Haddad, Lula se reuniu com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e mais tarde, com o primeiro-ministro António Costa.
Em entrevista coletiva ao lado de Costa, Lula comentou a respeito da carta direcionada a ele em que os economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan demonstram preocupação com o risco fiscal do país. Em tom cordato, o presidente eleito disse que ainda não leu o texto, mas que ficou “feliz” ao saber do documento:
— Fiquei feliz quando companheiros me ligaram dizendo que tinha uma carta de pessoas importantes me alertando dos problemas econômicos e aconselhando. Sou um cara muito humilde e gosto de conselhos. Se o conselho for bom, pode ter certeza que eu sigo.
Citando resultados positivos de seu governo, o petista garantiu que não há motivos para receio do mercado e altercações recentes na bolsa de valores relacionadas às suas declarações.
— Durante o meu período de governo, fomos o único país do G-20 (grupo formado pelas maiores economias do mundo) que fiz superávit primário durante todos os oito anos. Aprendi com a minha mãe, que era analfabeta, que a gente só pode gastar o que a gente ganha. Mas se a gente tiver que fazer uma dívida para construir um ativo novo, que faça com responsabilidade.
Lula concluiu afirmando que o governo "voltará a ser responsável do ponto de vista fiscal sem precisar atender tudo o que o sistema financeiro quer".
Questionado sobre ter viajado no avião do empresário José Seripieri Junior do setor de planos de saúde, o petista disse que o presidente Jair Bolsonaro deveria oferecer um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para sua ida ao Egito.
— Se o Estado brasileiro fosse democrático e a gente tivesse um presidente responsável, quem sabe ele tivesse oferecido um avião da FAB para me levar. Mas não ofereceu, paciência, sou grato ao meu amigo que foi comigo e me emprestou o avião. E espero que ele esteja disposto... em outras oportunidades antes de eu assumir a presidência, se ele quiser emprestar o avião e ir junto comigo, vou agradecer.
Ataque a ministros
Sem ser perguntado, o presidente eleito também criticou os recentes ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que, durante participação em evento em Nova York foram hostilizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
O presidente eleito do Brasil ainda garantiu que irá pessoalmente a Lisboa em 2023 para entregar o Prêmio Camões ao cantor e compositor Chico Buarque e convidou o presidente e o primeiro-ministro português para sua cerimônia de posse, no dia 1º de janeiro, em Brasília.